Antes de comprar a máquina, as voluntárias faziam doações de fraldas comuns. Cada pacote custa, no mínimo, R$ 14. A maior parte das crianças que estudam ali precisam desse recurso e gastam pelo menos dois pacotes por semana. As mães, geralmente, não trabalham, porque precisam cuidar dos filhos em tempo integral. Quando visitavam o centro de ensino, as integrantes do SOS Vida Saudável viam essas mulheres sem ter o que fazer, esperando pela hora de dar remédio e trocar as fraldas dos filhos. Assim surgiu a ideia de, além de ajudar, proporcionar uma atividade produtiva para elas. O material para fazer 350 fraldas custa R$ 400 e é comprado com dinheiro de doações. Essa é a quantidade, geralmente, produzida a cada 30 dias. A ONG tem um cadastro de doadores que contribuem todo mês. As voluntárias ligam para cada um para cobrar a contribuição.
A maioria das mães envolvidas no projeto sobrevive de benefícios doados pelo governo a portadores de necessidades especiais. A renda não passa de R$ 500. ;Pagamos R$ 200 de aluguel, mais R$ 150 em remédios. O que sobra fica para comida e outros cuidados. Quando a gente comprava fraldas, o orçamento ficava muito apertado;, relatou Sirlene Gomes, 37 anos, mãe de Jonatan, 12, portador de lesão cerebral e aluno do CEE 1. ;Este trabalho é muito importante para a nossa sobrevivência, traz mais dignidade. A gente se sente mais útil;, completou.
Cooperativa
As mulheres já pensam em formar uma cooperativa para produzir em maior escala e vender. Mas para isso é preciso dinheiro. ;A gente vive para os filhos. Tem que levar ao médico sempre, trazer para a escola e ficar de olho neles o tempo todo. Quase ninguém tem marido ou pode pagar babá. Somos sozinhas, só Deus olha pela gente. Não sabíamos um ofício. Agora, já pensamos em profissionalizar o que aprendemos aqui. Só falta investimento;, disse Maria Irene dos Santos, 43 anos, mãe de Denise, 11, portadora de síndrome de Down.
A ideia de comprar a máquina veio da administradora de empresas Patrícia Santos, 34 anos, uma das fundadoras da SOS Vida Saudável. ;Procuramos o centro de ensino e cadastramos as famílias mais pobres. Vimos que as fraldas eram um dos itens mais pesados no orçamento e então surgiu essa ação;, relatou Patrícia. Antes disso, o grupo já mantinha uma creche comunitária no bairro Lunabel, no Novo Gama (GO). ;Mas queríamos fazer algo também pelas pessoas necessitadas que estavam mais perto da gente, aqui no DF;, disse Patrícia.
De acordo com a administradora, a SOS Vida Saudável nasceu simplesmente da vontade de ajudar. ;Reunimos várias pessoas que gostavam da sensação de fazer bem a alguém, não importa a quem. Somos uma rede de pessoas que gostam de ajudar;, definiu. A supervisora da ONG, Elenir Correia, 36 anos, se emociona ao falar das mulheres e crianças atendidas pela associação. ;Quando olho para elas, felizes assim, apesar de toda a dificuldade de criar um filho deficiente, dá vontade de chorar. Mas são pessoas muito alegres e fortes que ensinam muito para todos nós;, opinou.
Outras 16 pessoas trabalham com o objetivo de ajudar quem precisa por meio da instituição. Entre eles está a voluntária Eliete Monteiro, 38 anos. Quando começou a trabalhar na instituição, ela era dona de uma loja. Decidiu mudar de profissão e termina este ano o curso de serviço social. ;Me encantei pelo trabalho e decidi me dedicar 100%. Só assim vamos crescer e fazer a diferença. Acredito muito nessa mudança social promovida por cada um de nós;, concluiu.
"Reunimos várias pessoas que gostavam da sensação de fazer bem a alguém, não importa quem. Somos uma rede de pessoas que gostam de ajudar"
Patrícia Santos, voluntária
Patrícia Santos, voluntária