A batalha contra a dengue ganha novos contornos no Distrito Federal. Jovens estudantes serão voluntários das próximas ações educativas e devem receber treinamento especial. No Paranoá, as visitas a muitas casas serão repetidas, para garantir que todos tenham acesso às informações. A cidade está em seu terceiro ciclo de fumacê e ainda será preciso aplicar o produto, pelo menos, mais duas vezes. Em função do aumento de casos neste começo de ano, em comparação com o ano passado, muitos moradores começam a fazer frente à doença.
A operação de tratamento 100%, em que agentes da vigilância ambiental visitam todas as casas de um bairro ou cidade, para detectar e tratar possíveis focos do mosquito transmissor, foi realizada no Paranoá, até a última sexta-feira. Como o índice de casas fechadas ao longo do processo foi considerado muito alto ; das 20 mil moradias, 1.727 estavam vazias na hora da abordagem ;, a divisão de combate à doença decidiu deixar os agentes destacados para o trabalho em seus lugares de origem e definir uma nova estratégia. A decisão foi começar amanhã o processo de recata, uma segunda visita a locais em que moradores não foram encontrados. Com um contingente de 125 agentes, a expectativa é que este trabalho seja concluído em dois ou três dias.
O Paranoá registra 38 casos confirmados, sendo 35 transmitidos dentro do Distrito Federal e três contágios ocorridos no restante do país. Pelas ruas da cidades ainda há entulho, lixo e poças d;água visíveis, mas já é possível perceber mudanças na postura da comunidade diante da dengue. Moradora da Quadra 28 da cidade, Maria Nivalda Ribeiro, 63 anos, esforça-se para manter o problema longe de seu quintal. Todos os dias, ela varre a entrada do terreno, não deixa a água se acumular e evita manter plantas em vasos. ;Minhas plantas são esse abacateiro e essa jaqueira na frente da casa;, aponta. Como não há casos da doença na rua, ela imagina que os vizinhos sejam tão cuidadosos como ela. Mas garante recomendar a todos que não deixem lixo no chão antes do horário dos caminhões de coleta.
Situação mais grave vive a região administrativa vizinha, Itapoã. Por lá, já são 110 casos confirmados, sendo que apenas um foi transmitido em outras regiões do país. José Nilton de Souza, 40 anos, é um dos moradores que figuram nessa estatística. Em dezembro, ele sentiu a febre intensa e os demais sintomas durante 10 dias. Três exames de sangue confirmaram a dengue. Ele diz retirar toda a água empoçada de casa e manter terra nos vasos de planta.
Cooperação
;Existe uma ressonância da comunidade;, acredita o subsecretário de Vigilância à Saúde, Allan Kardec. Prova disso é que, durante reunião realizada na tarde de domingo, cerca de três mil estudantes evangélicos se ofereceram para atuar como voluntários na luta contra a dengue. Aqueles que tiverem menos de 18 anos multiplicarão as informações entre amigos e família. Cada turma fará o treinamento de cerca de 100 jovens. No Distrito Federal, já são 970 casos confirmados ; entre esses, 781 transmitidos aqui e 189 em outros estados.
Reforço da SES
; O secretário de Saúde, Joaquim Barros Neto, participa hoje de uma reunião no Ministério da Defesa, durante a qual pedirá a liberação de 200 militares para serem incorporados às ações de combate ao mosquito da dengue. Barros Neto conseguiu o aval do GDF para a contratação emergencial de 500 agentes de vigilância ambiental, que passam a reforçar o trabalho desenvolvido pelos 465 agentes atuantes em cidades com o maior número de focos. São Sebastião, Paranoá, Planaltina, Vila Planalto e Itapoã têm previsão de chegada de 250 servidores, a serem cedidos pelo Serviço de Limpeza Urbana, para reforçar o trabalho.