A investigação de um assalto a residência no Lago Sul levou ontem à prisão um homem acusado de falsificação dos mais variados tipos de documentos no Distrito Federal. Segundo a Polícia Civil, o gráfico Daniel Cordeiro de Lima, 27 anos, criava carteiras de identidade, cartões de crédito, cheques, CPFs e até contracheques no próprio nome. Os documentos falsificados, que chamaram a atenção dos policiais pela perfeição, eram usados principalmente para a compra de celulares e drogas. Levantamento preliminar dá conta de rendimentos de cerca de R$ 2 mil por semana ao suspeito.
Investigadores da 10; Delegacia de Polícia (Lago Sul) chegaram a Daniel após o roubo a uma casa no último dia 10. Na ocasião, cinco homens invadiram o local à noite e renderam uma família. Houve violência. Algumas vítimas ainda ficaram amordaçadas enquanto os ladrões recolhiam os objetos de valor. Os donos do imóvel fizeram ocorrência. E os depoimentos fizeram os agentes desconfiarem de que o assalto teria sido praticado por alguém conhecido. ;Eles tinham detalhes da rotina da casa. Isso ficou evidente nas conversas durante o crime;, afirmou a delegada-chefe da 10; DP, Selma Carmona.
Em pouco mais de uma semana, a polícia identificou possíveis suspeitos. Um deles, identificado como Galego, trabalhou por um ano na casa como marceneiro e faltou no dia seguinte ao assalto. Acabou levado para a delegacia, onde confessou a participação no roubo. Admitiu que ele, um primo e outros três moradores de Ceilândia Sul planejaram e executaram o plano. Segundo ele, Daniel teria usado o conhecimento de informática para levantar rotas de fuga para a Ceilândia. Identificou as melhores saídas e onde havia menos pardais eletrônicos.
Adulterações
A partir de então, os investigadores pediram à Justiça mandados de prisão e de busca e apreensão nas casas dos suspeitos. Ao cumprirem o de Daniel, localizaram na residência dele, na QNM 19, dezenas de documentos falsificados, que estavam escondidos em duas caixas. A maioria é de carteiras de identidade com a foto do gráfico, mas com nomes diferentes. Os policiais encontraram também espelhos de identidades de Goiás, cheques clonados, vários contracheques sem preenchimento e crachás de identificação de uma empresa extinta em Brasília.
Daniel negou à polícia qualquer participação no assalto praticado no Lago Sul, bem como no planejamento das rotas de fuga do grupo. Mas admitiu a falsificação de documentos. Revelou que cometia adulterações havia três anos. Adquiriu experiência ao trabalhar por seis anos em gráficas de Ceilândia, Taguatinga e da Asa Sul. ;Ele contou que teve uma desilusão amorosa e logo começou a usar maconha e cocaína. Passou, então, a falsificar documentos e a ganhar dinheiro com isso;, afirmou a delegada.
De acordo com a polícia, o acusado usava os documentos e os cartões de crédito para comprar aparelhos de celular. Revendia os telefones e usava o dinheiro para se sustentar e comprar drogas. Daniel também mantinha em pendrives fotos e informações de possíveis vítimas. Responderá a processo por falsificação de documentos públicos e particulares (1). Os investigadores ainda aprofundam a participação dele no roubo ocorrido em fevereiro. Dois envolvidos estão presos. Galego continua solto, pois na época do interrogatório na 10; DP, não havia sido expedido o mandado de prisão contra ele.
1 - Penalidade
As penas previstas pelos artigos 297 e 298, do Código Penal Brasileiro, alcançam no máximo 11 anos de prisão. É de seis anos o limite de detenção para falsificação de documento público, e de cinco, para adulteração de documentos particulares.