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Arruda está abatido e angustiado

Preso há duas semanas e recebendo diariamente a visita de advogados e da mulher, Flávia Arruda, o governador afastado José Roberto Arruda começa a apresentar problemas de saúde, de acordo com o advogado Thiago Bouza. Ele contou que na noite passada Arruda sofreu queda de pressão. ;Tentamos levar o médico particular dele, mas a direção (da Polícia Federal) não deixou;, reclamou. Em uma rápida conversa, Bouza disse que Arruda tem um histórico na família de pressão alta e diabetes. Segundo o advogado, o governador afastado está abatido.

A assessoria da PF informou que Arruda recebe visita diária de médicos que medem a pressão e verificam se ele necessita de algum cuidado especial, mas não confirmou se ele passou mal de fato. De qualquer forma, a assessoria garantiu que em caso de mal-estar, o serviço médico é acionado imediatamente. Ao contrário do que afirmou Bouza, o advogado José Gerardo Grossi disse que Arruda, apesar de abatido, passa bem. ;Hoje (ontem), quando eu cheguei, ele estava tomando banho de sol. A saúde dele está boa;, disse. Caso um preso esteja mal, a defesa pode entrar com pedido de prisão domiciliar, mas de acordo com Grossi, essa hipótese não é cogitada, por enquanto. Durante visita ao governador afastado, Grossi comentou que ele não gostou de esperar mais uma semana para o julgamento do pedido de habeas corpus. ;Ele reagiu de modo ruim e tem o direito de imaginar que vai ser solto. Ver um adiamento assim de mais uma semana o deixou angustiado;, afirmou.

Quem também visitou Arruda foi a primeira-dama Flávia Arruda. Ela chegou por volta de 12h30 e saiu 45 minutos depois, mas desta vez não se preocupou em esconder o rosto como fez nos últimos dias. Ao passar pela portaria, Flávia deitava no banco de trás para não ser fotografada. Como de costume, não falou com a imprensa ao deixar a Superintendência da PF.

Troca de relator
Relator do inquérito judicial que culminou na prisão de José Roberto Arruda e afastamento dele do cargo de governador, o ministro Fernando Gonçalves adiantou o pedido de aposentadoria do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele deixa a cadeira em 20 de março, um mês antes de completar 70 anos, o que leva à aposentadoria compulsória. Com isso, o magistrado não pode receber mais nenhum novo processo e o inquérito do governador afastado será encaminhado a outro ministro.

Até 19 de março, Fernando Gonçalves será o responsável pelo inquérito. A partir do dia 20, o inquérito seguirá para o ministro João Otávio de Noronha. Ele receberá esse e todos os outros casos do STJ que tratam de Arruda.

Noronha já foi escolhido relator da mais recente ação penal contra o governador afastado, protocolada na última sexta-feira. Com o número 624 e baseada em denúncia do Ministério Público Federal (MPF), ela acusa o governador de adulterar documentos entregues à Justiça para explicar os maços de dinheiro recebidos de Durval Barbosa.