Dois muros construídos no meio de duas pistas de acesso à comercial da Quadra QI 31 do Guará II estão tirando o sono dos moradores e dos trabalhadores dos estabelecimentos locais. As pistas ao lado do comércio, com 20 metros de largura cada ; espaço suficiente para dois carros emparelhados transitarem ; foram reduzidas a uma passagem para pedestres de pouco mais de 2m. As lojas laterais, que antes eram vistas por motoristas que passavam por ali, ficaram escondidas. Na frente delas, crescem duas superquadras, com apartamentos de um, dois, três e quatro quartos, amplos espaços de lazer, parque aquático e área de monitoramento de segurança.
A servidora pública aposentada Maria Siolhi Schaikoki Sutir Rosa, 49 anos, está preocupada com a obra que em breve vai ser levantada ao lado do prédio dela. ;A empresa aproveitou a cerca que separa o prédio residencial do terreno e não construiu uma nova proteção;, aponta. ;As crianças brincam na área verde embaixo ao prédio, mas como a cerca da obra não está levantada, elas podem ser vítimas de destroços das obras;, alerta. Procurada, a Direcional Engenharia, responsável pela obra da qual fala a servidora pública, não retornou as ligações do Correio.
A polêmica que envolve os vizinhos da QI 31 do Guará é um problema antigo vivido em diversos lugares do DF: invasão de terras públicas. De acordo com a Terracap, a área onde a pista foi construída há mais de 11 anos não está regularizada no Plano Diretor Local (PDL) da cidade. As duas vias que contornam a comercial teriam surgido depois que moradores começaram a usá-las com frequência. Com o caminho já definido pelo uso, os responsáveis pela administração da cidade, à época, resolveram colaborar com a comunidade que passava na estrada de terra e poeira e mandaram fazer uma cobertura asfáltica nas duas vias.
Apesar de a pista ter sido construída e de terem sido instalado meio-fios demarcando as laterais das ruas, nenhuma medida foi tomada para inserir as duas vias no PDL da cidade. É como se a rua não existisse. Por isso, este ano, sem registro oficial de que a área era utilizada pela comunidade, a Terracap vendeu os lotes em licitações públicas. As empresas vencedoras da licitação, JC Gontijo e Direcional Engenharia, há cerca de duas semanas deram início às obras que trouxeram incômodo aos moradores e comerciantes desconhecedores do problema do PDL. O fato era novo até para o administrador regional, Joel Alves: ;Não é um problema com lotes irregulares. Os terrenos estão certos. O imbróglio é com as invasões do passado;.