A operação de retirada de invasões em área pública do Itapoã, iniciada no último dia 13, sábado de carnaval, levou mais 22 pessoas para a cadeia na tarde de ontem. O grupo, flagrado com facões, cordas e barbantes, dividia uma área para lotear e vender. Agentes da Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (Sudesa) e policiais militares realizaram as prisões. Acusados de parcelamento de terra pública, ocupação irregular do solo e crime ambiental, os detidos podem pegar até oito anos de prisão se somadas as penas.
Com o flagrante, o número de presos no trabalho de desocupação (1) já chega a 43. Na última quinta-feira, 21 pessoas foram detidas. No entanto, ainda na quinta-feira, 19 foram liberadas após assinarem um termo circunstanciado. O crime pelo qual foram acusadas, esbulho possessório ; invasão de bem imóvel alheio ;, é considerado de menor potencial. Com o termo, os acusados se comprometeram a comparecer à Justiça.
De acordo com o capitão da Sudesa, André Caldas, o local é patrulhado por agentes da subsecretaria e por policiais militares 24 horas por dia. Segundo ele, durante a noite, agentes da subsecretaria que eventualmente identifiquem invasões acionam a Polícia Militar para prender os ocupantes. ;Já durante o dia, além da polícia, o maquinário da Sudesa derruba as construções e os caminhões retiram o entulho;, explicou.
Sob investigação
O delegado-chefe da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá), Miguel Lucena, explicou que cabe à Polícia Civil investigar os motivos e quem são os organizadores das invasões. Segundo ele, os trabalhos estão no início, mas já existem várias linhas e grileiros suspeitos. Entre as razões pela escolha do local, estaria a construção do Shoping Iguatemi, no Lago Norte, que valorizaria toda a região. ;Estamos atuando com agentes caracterizados e descaracterizados. A cada dia aumentaremos o número de prisões. Primeiro dialogamos, mas os invasores voltaram. Se voltarem amanhã, prenderemos o dobro;, alertou.
Para o delegado, os grileiros estão por trás do esquema. Se presos, essas pessoas podem ser acusadas, dentre outros crimes, de formação de quadrilha. A polícia já tem fotos e uma relação de suspeitos. ;Esses grileiros arregimentam a população carente do Distrito Federal e Entorno, e até da Bahia. O próprio Itapoã começou assim, e hoje tem 110 mil habitantes;, apontou.
Lucena disse ainda que um dos líderes da invasão, Pedro Maravalhas, também conhecido como Pedro Barbudo, estaria ligado a vários deputados. Dentre os presos de ontem, um dos acusados, o artesão José Josevânio Ferreira, 28 anos, é apontado como intermediário de grileiros e invasores. ;Chacareiros próximos à área invadida fizeram inclusive um abaixo-assinado pedindo a atuação do governo;, contou. Os 22 acusados foram encaminhados à carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). O inquérito será concluído em 10 dias, e encaminhado à Justiça.
Resposta imediata
O secretário adjunto da Secretaria de Estado de Ordem Pública (Seops), Djalma Lins, considera que, até agora, o trabalho foi bem-sucedido, apesar das tentativas dos invasores de retornarem à área desocupada. Segundo ele, a ação não vai parar até que os ocupantes se dêem por vencidos. ;Essa questão de invasão de terras no DF é uma cultura. É preciso uma força de resposta imediata para isso parar. A própria comunidade tem denunciado. Isso é um ponto positivo. Vamos usar todos os meios necessários para erradicar essa invasão;, concluiu.
1 - Retirada em números
Já foram retirados da área de 100 hectares mais de 600 barracos, aproximadamente 1.500 pessoas, cerca de 4 mil metros de linhas e barbantes utilizados para demarcar terrenos, e seis caminhões de entulho proveniente das derrubadas.