Um dia depois de quase renunciar ao comando Governo do Distrito Federal, Paulo Octávio tentou convencer que há ambiente para governar. Chamou para uma reunião todos os secretários do GDF, anunciou uma agenda positiva e avisou que se desfiliará do Democratas na próxima segunda-feira (leia matéria abaixo). Com as medidas, o governador em exercício pretende diminuir as chances de uma possível intervenção no Distrito Federal, que o limaria da linha sucessória do Poder Executivo.
Durante quase duas horas, reuniu a equipe para pedir um resumo das obras e projetos mais importantes do governo. Rodeado por um grupo de 21 assessores do primeiro escalão, o governador em exercício sinalizou mais um revés. Não vai fazer alterações no núcleo do governo, como havia anunciado há alguns dias. Assim que assumiu a chefia do GDF, após a prisão do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido), Paulo Octávio chegou a pedir que todos os secretários colocassem os cargos à disposição. Ele queria ter a chance de fortalecer o núcleo da administração convidando nomes de peso para assumir as áreas vitais na administração.
Mas a pressão para a renúncia e o risco de uma intervenção o fizeram mudar de planos, e agora Paulo Octávio continuará com o mesmo estafe do governador afastado. ;Não faz sentido trocar as pessoas que já conhecem toda a máquina, porque quem virá levará um tempo até se adaptar;, justificou o novo secretário de Comunicação do GDF, André Duda, nomeado para o cargo na última quinta-feira
Pessoas próximas a Paulo Octávio avaliam que ele não tem mais margem alguma para demonstrar instabilidade. Há dois dias, o governador em exercício comunicou assessores e até a imprensa sobre a decisão de deixar o governo, mas no último momento surpreendeu a todos ao anunciar durante um pronunciamento que ficaria no cargo. Na tarde de ontem, ele reafirmou por meio de seus assessores que tem a intenção é de ficar à frente do Executivo até 31 de dezembro.
Instabilidade
No meio político, a permanência do vice-governador, no entanto, é dada como frágil e pode ser revista a qualquer momento. Tramitam na Câmara Legislativa quatro processos pedindo o impeachment de Paulo Octávio por suposta participação no esquema de corrupção relatado no Inquérito n; 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O político também é ameaçado de expulsão do DEM, circunstância que pretende se antecipar com sua saída programada para segunda-feira.
Enquanto tiver tempo, Paulo Octávio tentará reunir apoio para se viabilizar como governador. Nesse sentido, ele agendou para hoje um encontro com os deputados distritais. A reunião de ajuda pode, no entanto, expor o isolamento do governador em exercício. Deputados da oposição e mesmo alguns que compunham a base de apoio a Arruda já mandaram avisar que não vão estar com Paulo Octávio neste sábado. No dia em que desistiu de renunciar, um grupo de parlamentares o procurou para alertá-lo de que não haverá refresco quanto à tramitação dos processos de impedimento contra ele na Câmara. Pelo contrário, eles devem seguir a todo vapor.
Agenda
O governo vai retomar a partir da próxima semana um cronograma de inauguração de obras na tentativa de criar fatos positivos. Na reunião de ontem, o novo secretário de Comunicação, André Duda, deu como exemplo de que a máquina está funcionando o lançamento de uma campanha contra a dengue, além do balanço de matrículas na rede pública de ensino que, segundo os dados oficiais, registrou 80 mil novas inscrições em 2010.