O Distrito Federal registrou o melhor mês de janeiro da história na criação de empregos com carteira assinada. Foram 23.769 admissões contra 20.215 demissões. O saldo de 3.554 é o maior desde o início da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (1)(Caged), do Ministério do Trabalho. Nos primeiros 31 dias de 2010, os principais setores da economia contrataram 11% a mais do que no mesmo período do ano passado. Em comparação ao mês anterior, o aumento foi de 32%.
Dos oito setores analisados, apenas a indústria extrativa mineral teve um saldo negativo no DF: uma redução de três postos formais. Destacaram-se os setores de serviços e construção civil. O primeiro contribuiu com a abertura de 2.520 postos, ante um resultado líquido de 111 em janeiro de 2009. O segundo, apesar de um recuo de 26% na oferta de vagas em relação ao ano anterior, fechou o mês com um saldo positivo de 468 postos.
O comércio passou de um resultado negativo, com a retração de 864 vagas em janeiro de 2009, para um ganho de 175 postos abertos no início de 2010. Os méritos são do ramo atacadista. No varejo, o número de demissões superou o de contratações. ;A efetivação dos empregados temporários não foi tão grande como se esperava;, justifica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista-DF), Antônio Augusto de Morais.
A situação do comércio, no entanto, é bem melhor do que em janeiro do ano passado, quando foram fechadas 864 vagas. Sindyellen de Moura, 22 anos, festeja um emprego conquistado há exatamente um mês em uma loja de produtos e serviços de fotografia. Está com carteira assinada, vale-transporte, vale-alimentação e plano de saúde. O primeiro salário cairá na conta no início de março. ;Tenho filho, contas para pagar e não dá pra ficar sem emprego. Estou muito feliz. Bom demais!”, comemora.
Depois de um período de retração em todo o país, a indústria, também no DF, registrou expansão do emprego em janeiro de 2010. Em 11 dos 12 ramos de atividade, o saldo foi positivo, resultando na criação de 205 postos de trabalho. ;O que existe é apenas uma recuperação das vagas perdidas ao longo do ano passado. O papel da indústria ainda tem um peso muito pequeno no DF;, analisa o economista Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Tiago Oliveira.
O recorde batido com a oferta de oportunidades no DF no mês passado acompanha o bom desempenho observado no país(2). Para Oliveira, 2010 tem tudo para ser um ano favorável para quem está à procura de emprego. ;A menos que ocorra uma mudança muito brusca, será um ano muito bom para o mercado de trabalho;, sustenta, ao destacar a valorização do salário mínimo, o aumento da oferta de crédito e da confiança do consumidor e dos empresários.
Na avaliação do economista e professor do Ibmec em Brasília João Batista Diniz Leite, os números divulgados esta semana podem estimular pessoas que estão fora do mercado. ;Os que estão com dificuldades em conseguir emprego se sentem mais animados ao verem que o vizinho já conseguiu;, diz. Para ele, o resultado do Caged em janeiro demonstra a força da economia. ;É um sinal positivo para o restante do ano, mas não dá para garantir nada até dezembro;, pondera.
Mercado
O Caged envolve apenas os trabalhadores formais, ou seja, os que possuem carteira assinada. É um importante recurso para acompanhar e fiscalizar o mercado de trabalho brasileiro. Os números de admissões e demissões são divulgados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego, desde maio de 1999.
Recorde
Em janeiro de 2010, o resultado líquido da geração de emprego no país foi positivo em 181.419 novos postos de trabalho. O setor industrial atingiu saldo recorde: foram criados 68.920 postos. Os únicos setores que registraram queda no nível de emprego com carteira assinada no Brasil foram o comércio (-6.787) e a administração pública (-806).