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Nos últimos três meses, 41 carros foram furtados do Aeroporto Internacional

Os motoristas que precisam estacionar seus carros na área pública do Aeroporto Internacional de Brasília não raramente têm uma surpresa desagradável: ao voltar para buscar o veículo, não o encontram no mesmo lugar. A situação é ainda pior para quem trabalha ali e se expõe ao risco diariamente. O estacionamento pago custa R$ 125 ao mês. Quantia pela qual muitos não podem pagar. Já nos espaços abertos, não há segurança, de acordo com as vítimas de ladrões. De 26 de janeiro último até 12 deste mês ocorreram pelo menos seis roubos de veículos e furtos(1) no interior dos carros.

É na madrugada que os ladrões agem com ainda mais liberdade. Segundo funcionários, toda a área fica deserta nesse horário. Nos últimos três meses, foram, no mínimo, 41 casos de furto no terminal aeroviário, de acordo com estatísticas da 10; Delegacia de Polícia (Lago Sul), que responde pela área. Em 19 de janeiro deste ano, o Correio publicou reportagem sobre o número de ocorrências dessa natureza no aeroporto. Mas, 25 dias depois, nada havia mudado. Diante disso, os empregados do turno da noite organizaram um abaixo-assinado com 127 nomes, na tentativa de chamar a atenção da polícia para o problema.

A mobilização partiu de um despachante que trabalha no aeroporto há 16 anos e pediu para não ter o nome revelado. Em 26 de janeiro, ele chegou ao estacionamento próximo à Praça Santos Dumont por volta das 23h30 e mal pôde crer no que viu: a vaga onde havia parado seu Gol estava vazia. ;Ainda procurei durante um tempo, sem acreditar naquilo. Moro em Taguatinga e naquela hora não tinha ônibus para voltar para casa. Um amigo me deu carona;, relatou. ;O problema maior é que nunca acham os carros que somem daqui. É impressionante o abandono dessa área;, reclamou.

Outra solução proposta pelos funcionários, além da presença ostensiva da polícia militar e da investigação mais aprofundada dos casos pela polícia civil, seria a cobrança de apenas R$ 50 mensais para funcionários do aeroporto, como já ocorreu no passado, no estacionamento privado da Infraero. ;À noite, fica tudo vazio. Poderiam fazer um preço promocional, pelo menos nesse horário. Facilitaria a vida, porque a gente ia trabalhar de cabeça fria, sabendo que o carro estava seguro;, afirmou o organizador do abaixo-assinado. A Infraero informou que o espaço é terceirizado e por isso não pode interferir na cobrança.

Ocorrências
Não faltam histórias de prejuízo entre as pessoas que trabalham no aeroporto. O auxiliar de rampa Geraldo Martins, 42 anos, morador do Park Way, viu carros terem todas as rodas roubadas diversas vezes. ;Direto a gente vê carro sem nenhum pneu. Esses dias, arrancaram as rodas do carro de um amigo meu. A PM só fica dentro do aeroporto. Olha a quantidade de carros aqui. Os ladrões roubam até durante o dia;, queixou-se. Todos os dias, o auxiliar deixa seu carro, um Fiat Uno, próximo à Praça Santos Dumont, mas com receio. ;Não dá para ficar tranquilo;, assinalou.

A delegada responsável pela área do aeroporto, Naice Landim, afirmou que a 10; DP repassou as ocorrências para a Delegacia de Repressão a Furto de Veículos e que os agentes fizeram diligências para apurar os casos e prender os culpados. A Polícia Militar também reforçou o policiamento no local com uma viatura que vai fazer rondas diárias nos estacionamentos. Mas, de acordo com o comandante de policiamento do DF, coronel Luiz Fonseca, o número de ocorrências é irrisório, se comparado à quantidade de veículos que passam por ali todos os dias. ;É óbvio que quem tem um bem subtraído não quer saber de estatísticas. O problema, porém, não é a falta de polícia, mas reincidência no crime. A gente prende o ladrão e a Justiça manda soltar. Os policiais estão enxugando gelo;, desabafou o comandante Fonseca.

1 - Furto e roubo
O furto ocorre quando o ladrão leva o bem sem uso de violência e na ausência do dono, diferentemente do roubo, que só se caracteriza quando o criminoso rende a vítima para levar seus pertences.

Eu acho...

;Volta e meia encontramos pessoas que foram lesadas por falta de segurança. Sugiro ao governo instalar um posto da polícia militar na Praça Santos Dumont, próximo ao estacionamento mais movimentado do aeroporto. E não basta ter um posto de polícia, os homens devem fazer ronda e inibir quem tenta fazer essas maldades;
Paulo Lourenço dos Santos, 36 anos, morador da Cidade Ocidental e funcionário do aeroporto.