Jornal Correio Braziliense

Cidades

Saída de filiados do DEM do governo atinge, pelo menos, nove integrantes

A decisão da executiva nacional do Democratas de exigir a saída de seus filiados do GDF atinge, pelo menos, nove integrantes de postos de destaque no governo, além de centenas de cargos de pequeno porte espalhados nas mais diferentes áreas da administração pública. Estimativa feita pela secretaria do partido é de que haveria perto de 600 pessoas empregadas no Executivo do DF e filiadas à legenda. A quantidade pode servir como base para um acordo entre o comando nacional e a representação local do partido.

Se os servidores do GDF filiados ao DEM cumprirem a ordem da executiva nacional, pedem exoneração dos cargos ainda hoje o secretário de Transportes, Alberto Fraga; o secretário de Desenvolvimento Econômico, Adriano Amaral; seu adjunto, Saulo Diniz; o administrador do Sudoeste, Nilo Cerqueira; o gerente das Vilas Olímpicas, Agrício Braga; o diretor de desenvolvimento do Banco de Brasília (BRB), Flávio Couri; o secretário de Ordem Pública e Corregedor do Distrito Federal, Roberto Giffoni; o diretor da Brasília Tour, João Oliveira; e o presidente da Terracap, Antônio Gomes.

Entre esses nomes, são esperadas reações diferentes sobre a determinação partidária. O divisor sobre a conduta dos filiados será o interesse nas eleições. Aqueles que querem concorrer devem engolir a ordem e sair do governo. Entre eles, o próprio secretário-geral do partido, Flávio Couri, que admitiu ao Correio a intenção de disputar uma vaga para a Câmara Legislativa. ;Quem tiver alguma pretensão em se candidatar não pode abrir mão da legenda, mas essa postura não deve ser a mesma para aqueles sem planos de disputar em outubro;, disse Couri. Antônio Gomes, Nilo Cerqueira e Giffoni são alguns dos democratas que já demonstram vontade em concorrer a cargos eletivos.

Salário
A demissão de filiados em postos de chefia é o efeito esperado pelo comando nacional do DEM. Mas uma outra consequência pode vir a reboque dessa ordem, como um trunfo dos dirigentes regionais na mesa de negociação com a direção nacional. Há perto de 600 partidários que foram indicados para cargos de assessoria em administrações regionais, secretarias, gerências e empresas do GDF. A maioria desses servidores, apesar de estar filiada ao Democratas, não tem interesse em se candidatar às eleições de outubro, o que os deixa à vontade para sair do partido e ficar no emprego.

A possibilidade será tratada em uma reunião da executiva regional agendada para hoje. Na próxima quinta-feira, os representantes locais do partido levarão o tema para a instância nacional. ;Dificilmente haverá uma debandada do partido antes de uma conversa definitiva entre a executiva regional e a nacional;, acredita o secretário de Transportes, Alberto Fraga. Ele só decidirá pelo afastamento do governo depois da reunião da semana que vem.

O número
600
Total de cargos ocupados no GDF por pessoas filiadas ao DEM


>> Ponto a ponto / Flávio Couri
Agonia desproposital e desnecessária
Mesmo diante da ameaça de intervenção na Executiva Nacional do DEM no diretório do partido no Distrito Federal, o secretário regional da legenda, Flávio Coury, não acredita que essa possibilidade se concretize. Ele acusa o deputado Ronaldo Caiado e o senador Demostenes Torres de incitarem essa situação, que, segundo o secretário, pode jogar o DEM-DF à lona.

b>Intervenção
;Não acredito na intervenção. O DEM está fortemente ferido, mas não está morto. Estamos cumprindo todas as decisões da nacional emanadas para nós. Uma intervenção pode significar uma agonia maior. Completamente desproposital e desnecessária.;

Crítica
;Faço uma crítica pontual ao deputado Caiado (Ronaldo Caiado DEM-GO) e ao Demostenes (senador Demostenes Torres DEM-GO). Acho que os dois estão com dificuldade eleitoral em Goiás e, por isso, querem estar em evidência nesse episódio. Mas creio que essa postura não deve contaminar a executiva nacional composta por ex-governadores, deputados e ex-senadores com muita experiência.;

Saída do DEM
;Sou diretor de desenvolvimento do BRB e já coloquei meu cargo à disposição. A definição sobre os outros partidários empregados no GDF será conversada em reunião da executiva local. Há duas situações. A dos filiados que pretendem se candidatar nas próximas eleições e não devem abrir mão da legenda e daqueles que não têm interesse em concorrer. Esses poderão optar, inclusive, por deixar o DEM e não o governo.;


Para saber mais
Filiação até um ano antes
Em seu Artigo 9, a Lei Federal n; 9.504/97, conhecida como lei das eleições, estabelece que, para poder concorrer a qualquer cargo eletivo, o candidato deve estar filiado a um partido político até no máximo um ano antes das eleições. Para o pleito de 2010, por exemplo, todos os candidatos deveriam estar vinculados a uma legenda até no máximo 3 de outubro.

De acordo com a legislação, quem estiver filiado, mas, após esse prazo, for expulso do partido ou se desfiliar dele, fica impossibilitado de concorrer às eleições do ano que vem. Independentemente da expulsão, os direitos políticos são mantidos. O prazo de um ano antes das eleições também é exigido para a declaração de domicílio eleitoral. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado pela lei eleitoral, será considerada a data de filiação do candidato ao partido de origem.