Jornal Correio Braziliense

Cidades

Corregedoria do DF é alvo da Polícia Federal

Durante as buscas e apreensões feitas pela Polícia Federal no fim de semana, agentes apreenderam computadores e documentos na sala do secretário de Ordem Pública do GDF, Roberto Giffoni, um dos citados nas denúncias de Durval Barbosa

O 12; andar do anexo do Palácio do Buriti, onde funciona a Secretaria de Ordem Pública e Corregedoria do Distrito Federal, órgão criado pelo governador afastado José Roberto Arruda (sem partido) para fiscalizar a probidade das ações do Executivo e a defesa da legalidade, foi alvo da ação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) no último sábado na mais recente diligência da Operação Caixa de Pandora. A pedido do Ministério Público Federal e com autorização do ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), salas de três andares do anexo do Palácio do Buriti foram vasculhadas no primeiro dia de carnaval.

Além do 12; andar, a PF esteve nos dois pisos inferiores, onde funcionam áreas vitais do Executivo, como a Casa Civil, a assessoria do gabinete do governador e as secretarias de Saúde e de Relações Institucionais. A Polícia Federal e o Ministério Público, responsáveis pela investigação, não deram detalhes sobre a ação quando foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em 21 endereços diferentes, sendo 12 residências. Entre os pontos em que houve recolhimento de novas provas para investigação estão as casas do ex-secretário de Governo José Humberto Pires; do ex-chefe de gabinete do governador Fábio Simão; e do ex-chefe do escritório político de Arruda José Eustáquio Oliveira. O advogado Raul Livino, que representa o policial aposentado Marcelo Toledo, disse que a casa de seu cliente, na QL 26 do Lago Sul, também foi vistoriada pela PF.

Xerife
Em entrevista ao Correio, Roberto Giffoni, que ficou conhecido como o xerife do governo, negou ainda no sábado que tivesse conhecimento de qualquer operação da Polícia Federal (PF) em sua pasta. ;Estou afastado do governo e não tenho nada a esconder. Estou à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento;, afirmou Giffoni. Ele foi citado em conversa em que Durval Barbosa, o delator do suposto esquema de corrupção do governo, afirma ter recebido do vice-governador Paulo Octávio ; hoje no exercício do cargo de governador ; a orientação de pagar R$ 50 mil em propina para Giffoni. O trecho integra um diálogo mantido por Durval com Arruda, interceptado pela Polícia Federal (PF).

Ao criar a Secretaria da Ordem Pública, em janeiro do ano passado, o governador ampliou o poder de Giffoni que já era corregedor, responsável pela abertura de procedimentos administrativos disciplinares para apurar todo tipo de denúncia. Casos de supostas irregularidades em administrações regionais, secretarias e empresas públicas passaram pela mesa de Giffoni, que integra a carreira da Advocacia-Geral da União (AGU). Com a criação da secretaria, Giffoni se tornou o grande coordenador do Programa Brasília Legal, que abrangia todas as ações voltadas ao combate a invasões de terras e ao controle interno de gastos públicos. Funcionava aos moldes da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão do governo federal.



Pedágio

Em seu depoimento à Polícia Federal, Durval Barbosa disse que o dono da empresa Linknet, Gilberto Lucena, teve que pagar ;pedágio; ; ou seja, propina ; a Giffoni no valor de R$ 280 mil para receber pagamentos que estavam atrasados e se referiam à prestação de serviços. Giffoni nega a acusação. Nos primeiros momentos logo após a deflagração da Operação Caixa de Pandora, em 27 de novembro passado, Giffoni virou uma espécie de porta-voz do governo contra as denúncias de Durval. Mas depois saiu de cena. Segundo uma fonte que tem contato com Durval, o ex-secretário de Relações Institucionais mandou um recado para que Giffoni parasse de atacá-lo. Filiado ao DEM, o secretário da Ordem Pública era uma das apostas do governador na disputa por uma vaga de deputado federal.

Segundo informações da PF, quatro salas no anexo do Palácio do Buriti e quatro no Centro Administrativo do governo em Taguatinga, o Buritinga, foram vasculhadas, além do posto de atendimento à população Na Hora, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Também foram apreendidas provas na residência de 12 pessoas. Oitenta dias depois do início da crise, a PF encontrou pouco dinheiro nos locais investigados: US$ 2,6 mil e R$ 1 mil. O mais importante para a investigação, no entanto, são as evidências registradas em mídias e computadores apreendidos. Todas as diligências foram requisitadas pela subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, responsável pelo inquérito da Caixa de Pandora.

O número
13 - Número de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal no sábado