Luiz Calcagno
postado em 10/02/2010 10:26
O Polo de Cinema e Vídeo Grande Otelo, conhecido como Polo de Cinema de Sobradinho, localizado no Km 4 da DF-330, resiste bravamente à extinção. Com 17 anos (1) de idade e há quase 12 sem passar por nenhuma reforma, o local começa a apresentar severos sinais de deterioração. Portas destruídas, problemas na instalação elétrica e goteiras são alguns dos desafios a se vencer. Com isso, a função de aproximar a população do cinema e o aporte a produções locais ficam cada vez mais enfraquecidos.E não é preciso procurar muito para ver o que está deteriorado. Os camarins se transformaram em salas vazias ou depósitos, com portas empenadas e fechaduras quebradas. A cantina guarda peças obsoletas de instalações elétricas, mesas inutilizadas, restos de cenários, inúmeras gavetas empilhadas e até uma caixa de correio e um orelhão antigo. Espalhados por todo o prédio também estão equipamentos de projeção antigos, enferrujados, que poderiam compor um museu, mas estão se desfazendo.
O espaço mais importante, o estúdio de cinema, o maior do Centro-Oeste, é também o que mais sofre com o longo tempo sem reparos. O galpão era utilizado para filmagens e oficinas abertas à comunidade. O último evento, realizado no início de 2009, recebeu mais de 5 mil crianças de escolas públicas para sessões de cinema. Hoje, parte do telhado já se foi, arrancada pela chuva e pela ventania. As placas que fazem o isolamento acústico do teto também estão caindo.
A cineasta Adriana Vasconcelos, 40 anos, participou de oficinas no Polo de Cinema quando o local começou a funcionar e utilizou o espaço para as filmagens do longa Senhoras, em abril do ano passado. Ela recorda que o espaço aproximava os brasilienses do cinema. ;Existiu esse esse lugar, mas o polo já não tem grandes produções, por causa da infraestrutura;, aponta.
Emergência
Para ela, o principal motivo para o mau estado de conservação do Polo de Cinema é a falta de vontade política. Segundo Adriana, o estúdio, que é oferecido gratuitamente para produções de cinema, deveria desonerar os filmes, mas a falta de condições de trabalho traz outros gastos. ;Você não paga o espaço, mas demanda muito mais trabalho e equipamento para corrigir problemas de som e de luz, por exemplo; reclama.
O presidente da Associação Brasileira de Cinema e Vídeo (ABCV), Pedro Lacerda, pediu ao GDF uma reforma de emergência para o estúdio, mas não tem esperança de que isso vá acontecer em 2010. Pedro acredita que se o espaço, administrado pela Secretaria de Cultura do DF, tivesse mais autonomia, os problemas poderiam ser menores. ;A atenção que o governo dá ao cinema em Brasília é precária. Todo lugar do mundo que tem um cinema importante, bem visto, é um lugar importante;, ressalta. ;Infelizmente, tudo no polo é muito burocrático para se resolver de uma hora para outra;, completa.
O diretor do Polo de Cinema e Vídeo Grande Otelo, Wanderley José da Silva, admite que o local passa por dificuldades. No entanto, ressalta que, mesmo com problemas, o lugar continua de portas abertas para receber visitantes. Segundo Wanderley, a reforma já foi licitada e está na Secretaria de Obras. O investimento é de R$ 536 mil.
O diretor explica ainda que a área administrativa funciona normalmente, e apoia pré-produções. ;A última reforma foi feita no fim do governo Cristovam (PDT). ;Acredito que, com o ano de eleição e com a crise no GDF, a reforma não deva sair para 2010;, explica.
1 - História
O Polo de Cinema Grande Otelo começou a ser pensado por cineastas e documentaristas no fim da década de 1970. Mas a ideia só se concretizou durante o governo Joaquim Roriz. O espaço foi inaugurado em maio de 1993. De lá para cá, já apoiou a produção de mais de 400 filmes entre curtas e longas metragens.
O número
R$ 536 mil
Valor orçado para a reforma no Polo de Cinema
REFORMAS - PENDÊNCIAS
# Substituição de toda a parte elétrica
# Substituição das portas dos camarins
# Substituição do telhado do estúdio
# Conserto do isolamento acústico do estúdio
# Pintura geral
# Trabalhos de paisagismo.