Uma cerca instalada por uma loja maçônica no Parque Urbano Vivencial, na Quadra 1 do Setor Norte do Gama, provocou polêmica entre a comunidade. Com receio de ser impedido de entrar no local, um grupo de moradores decidiu protestar. Alega que a área era utilizada como espaço público de lazer de crianças e estacionamento de veículos. ;Eles (os maçons) acham que, porque têm dinheiro, podem fazer tudo o que quiserem. Não vamos aceitar isso. Nossos filhos brincam aqui e essa área também serve para deixarmos nossos carros;, disse a bancária Ivone Conceição de Araújo Macedo, 45 anos.
Ela também acusa a maçonaria de estar tomando conta do lugar aos poucos. ;Aqui tinha um campo de futebol e uma quadra de vôlei e eles tiraram tudo. Agora, querem tomar o resto;, reclamou. A reportagem do Correio visitou o local na última sexta-feira. Encontrou a cerca quase toda instalada. O presidente da loja maçônica, Gilson Carlos Gomes da Silva, disse que os moradores estão tratando o assunto com injustiça. Segundo ele, a delimitação da área ocorre para evitar que carroceiros despejem lixo e entulho. ;Cercando a área, vamos dificultar a vida de quem quer transformar isso aqui num lixão. Os moradores deveriam nos apoiar, pois preservamos este patrimônio, que é de todos nós;, defendeu.
Questionado sobre o possível impedimento de acesso ao parque, Gilson se mostrou incisivo: ;De maneira nenhuma vamos limitar o acesso à comunidade. Vamos colocar um portão de correr, mas que não ficará trancado em nenhum momento. As crianças vão até poder brincar com mais segurança;, garantiu.
O discurso do presidente da maçonaria, porém, não convenceu as pessoas que vivem nas proximidades do lugar. O estudante Sérgio Borges, 33, mostrou à reportagem plantas com espinhos espalhadas pelo terreno. Para ele, a vegetação evita que as crianças brinquem por ali. ;Eles plantaram essas plantas por toda a parte. Muitas não cresceram, mas a intenção é que a gente e, principalmente, as crianças, fiquem com medo de entrar aqui;, alegou.
Em análise
O assessor de gabinete da Administração Regional do Gama, Luiz Pires, informou que o cercamento feito pela loja maçônica recebeu autorização do órgão. ;Trata-se de uma adoção de área pública. O que eles não podem fazer e não vamos permitir é construir novas edificações;, resumiu.
Para impedir a conclusão da cerca, os moradores fizeram um abaixo-assinado e o entregaram ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A promotora Yara Maciel ficou como responsável pela análise do caso.
O Conselho Comunitário do Setor Norte também reivindica que, além da maçonaria, todas as edificações erguidas no parque sejam demolidas. Atualmente, existem na área um templo evangélico, uma igreja católica e uma associação de idosos. Elas funcionam graças a uma autorização da administração local. Mas ela deve ser revista, pois ocupam uma área de preservação.
Lazer e cultura
A Lei N; 1.959, de 8 de junho de 1998, criou o Parque Urbano e Vivencial do Gama. A norma determina que o espaço deve propiciar lazer e recreação aos moradores do Gama, além de proporcionar o desenvolvimento de atividades culturais e educativas.