Jornal Correio Braziliense

Cidades

Carros abandonados incomodam a vizinhança e favorecem ploriferação da dengue

Desrespeito intocado: jipe largado na Quadra 303 do Sudoeste, Gol com as velhas placas amarelas deixado ao léu na 112 Sul e, na mesma quadra, um Fusca ocupando outra vaga residencial. Quem se responsabiliza?

Pelo menos 59% dos mais de 1 milhão de veículos em circulação no Distrito Federal têm acima de nove anos de fabricação. Não raramente os carros mais velhos acabam abandonados nas ruas da cidade. O problema começa, geralmente, quando o proprietário acumula dívidas em impostos superiores ao valor do bem ou se o carro quebra e o conserto sai caro demais. O abandono incomoda a população porque os donos desses automóveis sem uso quase sempre escolhem vagas regulares de estacionamento, algo escasso no DF, para deixá-los. Segundo a engenharia do Detran, faltam 70 mil vagas em Brasília. Além disso, quando se trata de veículos abertos, há o risco de acumular água parada e atrair dengue.

A dificuldade na hora de resolver o impasse está em apontar os responsáveis pela solução. O Detran alega não poder guinchar os veículos estacionados de forma correta para o depósito. Mesmo os que têm Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) vencido há anos não costumam ser levados, porque o Código de Trânsito só prevê a remoção de veículos em movimento. A Administração de Brasília afirma não ter obrigação de intervir.

Já a Administração do Cruzeiro tomou uma atitude: em parceria com a Vigilância Sanitária e com o Detran, fiscais do governo, em 25 de janeiro último, retiraram 16 carros velhos que estavam há anos no mesmo lugar. A justificativa foi o risco de causar doenças como a dengue à população. ;Usei o argumento da saúde pública e funcionou muito bem;, explicou o administrador Zenóbio Rocha.

Valor afetivo
O Plano Piloto é um dos locais onde há mais carros parados durante anos e até décadas em área pública. O Correio percorreu sete quadras nas asas Sul e Norte e encontrou o problema em todas elas.

Nas 303, 312 e 112 Sul, havia pelo menos três carros fora de uso em cada. Em uma delas estava o Fiat 147 do publicitário Daniel Carvalho, 28 anos, morador da 303 Sul. ;O carro era da minha mãe, que morreu. Por isso, tem valor sentimental. Mas vou resolver essa questão o mais rápido possível porque não acho certo deixar o carro parado na vaga por tanto tempo;, admitiu. Na 112 Sul, há um Corcel um Gurgel, um Fusca, uma Kombi e um Buggy antigos e parados há anos. Debaixo do Fusca, perto do Bloco G, o mato começou a crescer. O carro está ali parado há 10 anos, segundo moradores.

Na Asa Norte, a cena se repete. Há exemplos nas 210, 209, 206 e 103 (comercial). Enquanto o gerente Alexandre José de Sousa, 31 anos, precisou estacionar em fila dupla na comercial da 103 Norte, uma van toda batida ocupava uma vaga. ;O Detran deveria tirar daqui. Na hora de multar eles aparecem, mas para resolver problemas, não querem nem saber;, reclamou. Na 210 Norte, um mesmo morador é dono de três carros parados.

No Sudoeste, há anos um Jipe ocupa espaço em frente ao comércio da Quadra 303. Pertence a um militar que mora nas redondezas, mas não foi encontrado em casa. Já em Taguatinga, a administração estima que existam, no mínimo, 15 carros abandonados. ;Entramos em contato com o Detran e pedimos ajuda para realizar a mesma ação que ocorreu no Cruzeiro;, revelou o administrador da região, Gilvando Galdino.

Colabore

Se você vir um carro abandonado e quiser colaborar com a campanha de regularização, fotografe-o e envie a imagem para o e-mail leitor.df@dabr.com.br

Onde denunciar

Quem quiser reclamar de um carro abandonado pode ligar para as administrações regionais ou para a Vigilância Sanitária, no telefone 156.