Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mulher morre após ser atingida por carro em alta velocidade no Núcleo Bandeirante

Ela estava acompanhada da filha e do neto e salvou a criança ao puxá-la para trás. O motorista fugiu

Uma senhora que caminhava com a filha e o neto morreu atropelada na noite da última quarta-feira, ao salvar a criança de ser atingida. Um motorista fez uma curva em alta velocidade e perdeu o controle do carro, que foi em direção à família. De acordo com testemunhas, a dona de casa Gilza Rosa Bragança Magami, 50 anos, foi atingida pelo veículo em cima da calçada. Com o impacto, ela foi lançada a cerca de 10m do local da batida. O condutor nem sequer teria freado e fugiu sem prestar socorro. A bicicleta do pequeno Luiz Felipe Bragança, 5, ficou destruída. Mas o menino nada sofreu. Ninguém anotou a placa do carro nem soube indicar ao certo a marca.

O acidente aconteceu na entrada da DF-051, que liga a Estrada Parque Núcleo Bandeirante ao Setor de Indústria Bernardo Sayão, por volta das 20h. Policiais da 11; Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante) procuram por um Eco Sport preto ou um VW Golf. Gilza, socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), foi levada para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) com traumatismo cranioencefálico e em estado grave. A moradora do Núcleo Bandeirante morreu na madrugada, às 2h de ontem.

A filha da dona de casa que a acompanhava na caminhada, a nutricionista Lislley Fueko Bragança Magani, 31 anos, ficou em estado de choque. Luiz Felipe, filho de Lislley, não se machucou porque a avó, em questão de segundos, o puxou para trás. Pessoas que jantavam no restaurante que fica em frente ao local do atropelamento viram tudo. Segundo o gerente do estabelecimento, Rocildo Silva dos Santos, 34 anos, foram eles que chamaram o socorro. ;Fui para o local porque vi os clientes correndo. Quando cheguei lá, estava a senhora no chão e a filha e o neto chorando. O socorro não demorou. As coisas aconteceram muito rapidamente;, lembrou.

Familiares ficaram revoltados com o acidente. O marido de Gilza, o comerciante Lino Magami, 53 anos, ainda tentava entender o que tinha acontecido. Ele chegou ao local do atropelamento logo em seguida, quando os paramédicos faziam os primeiros socorros. Ele recorda que conseguiu ver que a mulher respirava, apesar de inconsciente. ;Ela levou uma pancada muito forte na cabeça. Tiraram a vida de uma pessoa e fugiram;, disse.

A irmã de Gilza, a aposentada Mirian Bragança, 55 anos, também muito abalada, pediu mais segurança nas vias do DF(1). ;Minha irmã salvou o neto. Ele ia pegar os dois. É muita irresponsabilidade, muita falta de cuidado ; nem marca de pneu tem, porque ele não parou. Nada vai substituir a perda de um ente querido. Nada vai trazer ela de volta;, lamentou. O sepultamento está marcado para as 14h30 de hoje, no Cemitério Campo da Esperança.

Motorista procurado
A delegada-chefe da 11; Delegacia (Núcleo Bandeirante), Vera Lúcia da Silva, explicou que a polícia já deu início às investigações para localizar o motorista que atropelou Gilza. Agentes entrevistaram testemunhas, e a filha e o neto da dona de casa serão ouvidos em breve. ;Vamos investigar e descobrir o autor do crime. O fato de o motorista ter fugido é um agravante;, garantiu.

O condutor do veículo pode ser indiciado por homicídio culposo, com pena de até três anos de reclusão. Será instaurado inquérito ainda esta semana. Para investigar o acidente, a polícia vai contar ainda com o exame cadavérico do Instituto de Medicina Legal (IML), que deve sair nos próximos dias.

Segundo a delegada, diversas circunstâncias precisam ser esclarecidas, entre elas, saber se o motorista estaria embriagado. A polícia ainda realizará outras diligências no local do atropelamento, em busca de vestígios. De acordo com Vera Lúcia existem vários meios de se chegar ao autor do crime independentemente de ele ter desaparecido. ;O fato de ele ter fugido não quer dizer que ele vai ficar impune;, concluiu.

Lago Oeste
Por volta das 13h de ontem, outro acidente fatal foi registrado. Desta vez na Rua 7 do Lago Oeste. O tratador de cavalos Carlos Miranda Rodrigues Queiroz, 28 anos, andava de moto quando bateu em uma corda estendida na entrada da chácara em que trabalhava. Ele caiu do veículo, batendo a cabeça em uma pedra. A motocicleta pertencia a um amigo de Carlos. A Polícia Militar foi chamada, mas quando chegou ao local, o homem já estava morto. A 35; Delegacia de Polícia (Sobradinho II) vai investigar as circunstâncias do acidente.

1 - Estatísticas
De acordo com dados do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), até novembro de 2009, 101 pessoas morreram atropeladas em vias do DF. Dessas vítimas, pelo menos 39 tinham entre 50 e 59 anos. Ainda segundo o Detran, cerca de 227 automóveis se envolveram em acidentes com vítimas fatais nesse mesmo período.

A vítima
Gilza Rosa Bragança Magami,50 anos
Deixou marido, dois filhos e quatro netos.

Como dona de casa, era dedicada, e tomava a frente nos problemas da família. ;Ela gostava de tudo bem arrumado, bem feito;, lembra o marido, o comerciante Lino Magami, 58 anos.

Dona Gilza era evangélica, e era vista por todos como uma pessoa feliz. Morava no Núcleo Bandeirante.

Memória
Janeiro de 2010

Dia 25

Um homem morreu atropelado no Eixão na altura da Quadra 108 Norte. Segundo informações do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, a vítima aparentava ser um morador de rua.

Dia 15
Uma mulher foi atropelada por volta das 18h30, em São Sebastião. Ela andava de bicicleta em uma avenida da cidade quando foi atingida por um caminhão. A mulher morreu no local.

Dia 13

A aposentada Maria José Lima, 76 anos, foi atropelada por um caminhão em São Sebastião. O acidente aconteceu a 20m da faixa de pedestre, próximo ao Jardim Botânico Shopping. A senhora atravessava a rua quando foi atingida.

Dia 1;
O aposentado José Hipólito Filho Neto, 60 anos, foi encontrado morto na madrugada, às margens da rodovia GO-430, em Planaltina de Goiás. Ele foi vítima de atropelamento, e o motorista não prestou socorro.