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Mães de Luziânia cobram da polícia resultado nas investigações

É na varanda da casa simples, sem reboco e sem asfalto, que Cirlene Gomes de Jesus, 42 anos, espera por notícias do filho. Com o celular espremido entre as mãos, ela mantém a esperança de rever o terceiro de seus seis meninos - George Rabelo dos Santos, 17 anos, desapareceu no bairro Parque Estrela Dalva, em Luziânia, no último dia 10. Já a funcionária pública Sônia Vieira de Azevedo Lima, 45, prefere ficar no quarto do filho que sumiu, ao lado dos objetos e das lembranças do rapaz. Paulo Victor, 16 anos, não é visto desde o dia 4 de janeiro, quando saiu do trabalho e nunca mais voltou para casa. A aflição das mães dos seis adolescentes desaparecidos na região é a mesma. Unidas pela dor, elas buscam respostas para o mistério e cobram da polícia mais eficiência nas investigações. Neste sábado (30/01) de manhã, familiares de quatro dos rapazes se encontraram no Parque Estrela Dalva, um dos bairros mais carentes de Luziânia. Ansiosas por novidades, mães e irmãs dos adolescentes se confortaram e trocaram informações. Elas reclamam da falta de notícias e, principalmente, do surgimento de boatos infundados. "Tem gente que vem contar que eles foram sequestrados, mortos, que roubaram os rins dos meninos. É muito triste ficar ouvindo essas histórias. Já não basta a dor de não saber onde estão nossos filhos?", reclama Sônia Vieira. [SAIBAMAIS]Funcionária pública da Prefeitura de Luziânia, ela não conseguiu trabalhar desde o sumiço de Paulo Victor. Ontem de manhã, foi parar no hospital com fortes dores no estômago. "Tomei muito remédio para aguentar essa barra, até antidepressivos. Agora, meu estômago não para de doer. Acho que é por causa do nervoso, dessa agonia sem fim", afirma Sônia. Paulo Victor, o caçula da família, foi adotado aos 10 meses de idade. "Eu só tinha filha mulher, meu sonho era ter um menino", lembra. Na casa onde morava, as três irmãs tentam consolar a mãe, mas também não escondem o desespero com o desaparecimento do rapaz. "Chegaram a dizer que ele poderia ter fugido. Meu filho jamais faria isso, o Paulo Victor não era rebelde e sempre me respeitou demais", lembra a funcionária pública. Cirlene, mãe de George, quer se mudar da cidade assim que encontrar o filho. Ela nem pensa na possibilidade de o garoto estar morto. "Já me chamaram ao IML (Instituto Médico Legal) para reconhecer um corpo. Fiquei muito aliviada quando vi que não era o George. Mas não tive mais notícia nenhuma", lamenta Cirlene. "Luziânia está muito perigosa. Vou pegar meu filho, assim que ele aparecer, e vou embora daqui", afirma a dona de casa. Outra mãe que convive diariamente com o desespero e com a esperança é Valdirene Fernandes da Cunha, 36 anos. Seu filho mais novo, Flávio Augusto dos Santos, 14, desapareceu no último dia 18. O menino estava animado para voltar às aulas amanhã, quando começaria a cursar a 8ª série. "Eu não durmo e não como direito desde que ele desapareceu. Minha vida é esperar pela volta do Flávio", conta Valdirene. "Não sei o que eu faria se alguma coisa de ruim acontecesse com ele", acrescenta ela, que é funcionária de uma clínica de radiologia em Brasília. A irmã de Flávio, Ana Paula, 15 anos, não quer voltar a estudar até que o adolescente reapareça. "Eles têm praticamente a mesma idade, sempre foram muito amigos, muito próximos. É difícil para a Ana Paula entender o que aconteceu", conta Valdirene. Último Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos, foi o último a desaparecer. O rapaz, que trabalhava em uma serralheria no centro de Luziânia, sumiu depois de sair do trabalho. A irmã de Márcio, Lúcia Maria de Souza Lopes, 25 anos, só sai às ruas com uma camiseta estampada com a foto do jovem - assim como os familiares de outros adolescentes desaparecidos. "Acho que ele deve ter sido levado à força. Ele era esperto, não cairia na conversa de ninguém", avalia Lúcia. "Minha mãe tem 54 anos, ela está à base de remédios e não consegue nem conversar. Quem fez uma maldade dessas não tem coração", reclama Lúcia. Além de George, Paulo Victor, Flávio e Márcio, os outros dois desaparecidos são Diego Alves Rodrigues, 13 anos, e Divino Luiz Lopes da Silva, 16. Diego foi o primeiro a sumir na região do Parque Estrela Dalva, em 30 de dezembro do ano passado. Já Divino, estudante do 6º ano do ensino fundamental, foi visto pela última vez no Parque Estrela Dalva 5 no dia 13 de janeiro.