É pequena a concorrência entre os postos de combustíveis no Distrito Federal e os preços vão ficar ainda mais elevados. Um levantamento feito pelo Procon de terça-feira até ontem mostra que é mínima a diferença de preços entre os 136 postos pesquisados. Dos pontos de venda verificados, dois terços deles cobram o mesmo valor pelo álcool e pela gasolina: R$ 2,23 e R$ 2,77, respectivamente. A partir da próxima segunda-feira, os preços devem ficar ainda mais salgados.
Ontem, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do DF (Sinpetro) divulgou uma nota alertando que o valor do álcool deve aumentar entre R$ 0,03 e R$ 0,04 e o da gasolina subirá R$ 0,01 a partir de 1º de fevereiro. O Sinpetro avisa que o novo reajuste decorre do repasse para os consumidores dos preços cobrados pelas distribuidoras.
Não só os preços altos, mas a proximidade dos valores é uma "coincidência que prejudica o consumidor", segundo o diretor do órgão, Ricardo Pires. O resultado será encaminhado ao Ministério Público do Distrito Federal e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que os órgãos abram investigação para levantar a possibilidade de os donos de postos do DF estarem combinando preços, o que caracterizaria cartel, prática criminosa. "Não podemos dizer se há cartel, mas vamos encaminhar para os órgãos analisarem se os postos do DF estão infringindo a lei", afirma Pires.
Sem concorrência
O levantamento mostra que na semana passada os postos cobraram de R$ 2,12 a R$ 2,77 pelo litro do álcool. Mas em 92% deles, o preço do litro de álcool estava entre R$ 2,21 e R$ 2,23. E em 96% dos postos, o litro da gasolina variou apenas de R$ 2,75 a R$ 2,77. Resultado: os consumidores ficam sem opção de pesquisa.
O morador da Ceilândia Solemar Martins Carneiro, 35 anos, enfrenta a falta de concorrência. Todos os dias ele se desloca de casa para o trabalho, uma livraria do Lago Sul, e ainda tem que fazer entregas de livros em escolas de todo o DF. No fim do mês, a conta com combustível é salgada: cerca de R$ 1,2 mil. E ele reclama: "O preço em Brasília é um só, nem adianta pesquisar. Nunca vejo variações que valham a pena." Tradicionalmente, Solemar abastecia com álcool. Com os últimos reajustes no preço do combustível, ele nem faz mais os cálculos e passou a abastecer o carro com gasolina.
Pesquisa
Em nenhum dos postos do DF, o álcool vale a pena, considerando que ele teria que custar, no máximo, 70% do preço da gasolina para ser vantajoso para o consumidor. Com o objetivo de ajudar o consumidor a buscar os preços mais baixos, o Procon fará um levantamento mensal, que será divulgado em sua página na internet.
Na tentativa de forçar uma queda dos valores, o Procon vai ainda enviar ofício ao Governo do DF pedindo a alteração na lei que impede a existência de postos de combustíveis em hipermercados. A medida também é reivindicada pelos integrantes do Movimento contra a Cartelização dos Combustíveis no DF. Ontem o porta-voz do movimento, Charles Guerreiro, se reuniu com o secretário de Governo do GDF, Flávio Giussani, e apresentou o pedido. Os representantes pediram ainda que o GDF reduza o percentual de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, hoje em 17%.
ESCOLAS SÃO NOTIFICADAS
O Procon notificou 23 escolas particulares do Distrito Federal para que façam correções em suas listas de material escolar. De acordo com o órgão, devem ser exigidos dos alunos apenas materiais que serão utilizados pelos próprios alunos. Segundo o Procon, é ilegal a cobrança de papel higiênico, copos e pratos descartáveis, papel de escritório, agenda e avental personalizados e cadernos. As escolas notificadas deverão alterar a lista de material e os pais que se sentirem lesados podem denunciar ao Procon.
Variação
Preços na semana:
Álcool
Valores - Número de postos
R$ 2,12 - 1
R$ 2,20 - 5
R$ 2,21 - 12
R$ 2,22 - 24
R$ 2,23 - 90
R$ 2,76 - 3
R$ 2,77 - 1
Gasolina
Valores Número de postos
R$ 2,66 - 1
R$ 2,70 - 1
R$ 2,73 - 2
R$ 2,74 - 1
R$ 2,75 - 25
R$ 2,76 - 17
R$ 2,77 - 89
Fonte: Procon do Distrito Federal