O projeto Dois pontos desta quarta-feira (27/1) trouxe como tema os Desafios e as Perspectivas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para debater o assunto foram convidados o Especialista de Educação de Adultos da UNESCO no Brasil, Timothy Ireland; a professora e presidente do Fórum de Educação de Jovens e Adultos do DF, Leila Maria de Jesus; a estudante do EJA, Roseane Freitas; o gerente de EJA da secretaria de educação, José Edilson e o Diretor de Educação de Jovens e Adultos do ministério da Educação, Jorge Teles. Para mediar o debate foi convidada a jornalista Paloma Oliveto.
O principal problema apontado pelos debatedores foi a evasão que esse tipo de ensino tem no Brasil e no DF. Segundo dados de 2009, do IBGE, 42,7% dos estudantes abandonam as aulas. Entre os motivos apontados pelo estudo está a falta de interesse e o fato de muitos não conseguirem conciliar trabalho com escola. Como foi o caso da paraense Roseane, que contou um pouco da sua trajetória até decidir voltar à estudar em 2008, após quase 20 anos sem ir à uma sala de aula. "Eu larguei os estudos aos 17 anos porque tinha dificuldade, já tinha reprovado algumas séries e não tinha o acompanhamento do meu pai, que era muito ausente", contou. Ela diz que chegou a se matricular em 1998, quando se mudou para Brasília, mas por medo não conseguiu assistir nenhuma aula. "Eu vi que precisava aprender, minhas filhas me perguntavam coisas que eu não sabia responder, por isso, em 2008 voltei a estudar", explica.
Para o gerente de EJA da secretaria de educação, José Edilson, quem estuda nesse tipo de modalidade são trabalhadores e potenciais trabalhadores, o que é uma dificuldade a mais para o estudante, que deve conciliar trabalho com estudo. O representante do MEC, Jorge Teles, concordou e disse que a EJA deve pensar em alternativas de horário. "Muitos alunos do EJA estão desempregados e quando conseguem trabalho, às vezes noturno, largam a escola, pois as aulas são dadas somente à noite e a prioridade é sempre o trabalho", explica. O representante da secretaria de educação do DF revelou ainda que apenas 110 escolas e 3.000 professores no DF ensinam esse tipo de modalidade de ensino. "No DF 8 mil pessoas com mais de 17 anos não concluíram o ensino médio e 500 mil com mais de 15 anos, não concluíram o ensino fundamental. Então um desafio que as escolar têm é como integrar essa diversidade de pessoas", revelou.
Mas essa não é uma dificuldade apenas do Brasil. O Especialista de Educação de Adultos da Unesco no Brasil, Timothy Ireland, revelou que os países ricos oficialmente não enfrentam o problema de baixa escolaridade, mas que funcionalmente muitos estudantes são analfabetos. "Esses países descobriram que o analfabetismo funcional também é uma questão deles", disse. Para a presidente do Fórum de Educação de Jovens e Adultos do DF, Leila Maria de Jesus, um problema a mais a ser debatido é a falta de preparo dos professores. "Na maior parte das universidades do Brasil, os alunos de pedagogia não tem nenhuma aula sobre EJA. A educação ainda é pensada apenas para crianças", revela.