O funcionamento do Sistema de Serviço Especial de Transporte de Vizinhança, mais conhecido como zebrinha (1), enfrenta alguns impasses nas quadras comerciais da Asa Norte. A primeira complicação surge no momento de esperar pelo ônibus: não há paradas dentro dessas ruas do Plano Piloto. Sendo assim, cada coletivo para onde o passageiro dá sinal ; não raramente, são quatro ou cinco interrupções na mesma reta. O problema são os congestionamentos causados e o risco de acidentes, pois os motoristas dos carros que vêm atrás do zebrinha não sabem em que momento os ônibus podem frear. Além disso, os usuários reclamam do horário irregular no qual os micrô-onibus passam.
Os zebrinhas começaram a circular na década de 1980, com o objetivo de facilitar o transporte entre as quadras de Brasília. Mas atualmente não é isso que ocorre. As empresas responsáveis por esses veículos, a Lotaxi e a Condor, ambas do grupo Viplan, estabelecem as próprias rotas e horários e concorrem com ônibus convencionais em avenidas como a W3. Atualmente, há 93 conduções desse tipo em circulação pela capital.
De acordo com o DF Trans, órgão vinculado à Secretaria de Transportes e responsável pela manutenção e construção das paradas, não há previsão para colocar placas indicativas de ponto de ônibus nas quadras comerciais ;por isso, os zebrinhas não são obrigados a parar ali. A assessoria de imprensa do DFTrans informou ainda que há paradas distribuídas ao longo da W3 Norte e do Eixinho onde os passageiros podem esperar. Porém, como o zebrinha é um meio de transporte especial e foi criado para ser mais próximo da população, os motoristas optam por parar em áreas onde não há risco, para facilitar a vida dos passageiros.
Promessa
Em outubro de 2009, o secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga, prometeu reformular o funcionamento do Transporte Vizinhança, mas não estabeleceu prazos. Os zebrinhas parariam de competir com os veículos de maior parte na W3 e circulariam mais pela W1 e dentro das quadras e entrequadras, conforme previsto inicialmente. A proposta agrada a quem precisa desse sistema para se locomover.
Quando o cabeleireiro Renato Garras, 22 anos, precisa do transporte, muitas vezes enfrenta o desconforto de não saber onde esperar. Além disso, sofre com a incerteza sobre os horários. ;Se não der para colocar a parada, podiam pelo menos estabelecer um padrão. Por exemplo: todo zebrinha para antes da faixa de pedestre ou algo assim. E depois das 20h é muito difícil passar. É um transporte vantajoso, porque é mais rápido e quase sempre menos lotado, mas que precisa de aperfeiçoamento;, afirmou.
Os usuários do sistema não abrem mão da instalação de paradas. ;Seria bom organizar melhor. Eles param várias vezes na mesma quadra. Falta um ponto fixo e itinerários bem definidos;, opinou o motorista particular Vandeir Ferreira, 37 anos, morador de Sobradinho. ;Eu nunca sei onde esperar. Dizem que atrapalha o trânsito, mas quem sai mais prejudicado é o passageiro. Não entendo qual é a dificuldade em colocar placas para organizar;, completou a analista de sistemas Patrícia Silva, 53, moradora da Asa Norte.
1 - Votação
O nome zebrinha se deve às listras características da pintura dos micro-ônibus do Transporte de Vizinhança, pintadas em branco e num vermelho puxando para o laranja. O apelido carinhoso foi dado pela população de Brasília, por meio de uma pesquisa feita à época do lançamento do sistema.
Asa Sul vive o mesmo problema
Na Asa Sul, a falta de paradas em quadras comerciais também incomoda quem precisa do transporte de vizinhança. Além disso, os usuários reclamam da falta de ônibus em horários diversificados. ;Tem ônibus de sobra durante o dia, mas à noite eles simplesmente param de passar;, relatou a servidora pública Maria Dias, 51 anos, moradora da Asa Sul. Para quem trabalha no sistema, as dificuldades são ainda maiores. Os funcionários ficam em um terminal improvisado perto de um posto comunitário de segurança entre as quadras 216 e 416 Sul. Na Asa Norte, um escritório ;provisório; funciona há 12 anos, ao lado do Parque Olhos d;Água. Existe uma promessa do governo de que o terminal fixo deve ficar pronto em 2011, mas as obras ainda nem começaram.
O número
93
Número de zebrinhas em ciculação atualmente
Eu acho...
;A falta de paradas nas quadras comerciais do Plano Piloto é ruim até para os motoristas de zebrinha. A instrução que recebemos da empresa é sempre parar quando alguém fizer o sinal. Às vezes, chego a pegar quatro ou cinco pessoas em uma mesma comercial. Na hora de descer, é ainda mais complicado, porque cada um quer saltar em um canto. Quem vem atrás buzina e xinga, mas somente colocando as placas indicando as paradas daria para resolver esse problema;
Luciano Oliveira, 35 anos, motorista na Asa Norte e morador do Gama