O depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Codeplan) - criada na Câmara Legislativa para apurar suposto esquema de pagamento de propina a aliados do governador José Roberto Arruda (sem partido) - está confirmado para a manhã da próxima terça-feira (26/01). O caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) que deflagrou em novembro a Operação Caixa de Pandora.
[SAIBAMAIS]Ex-secretário dos governos Roriz e Arruda, Durval Barbosa forneceu os vídeos do governador José Roberto Arruda e de outros políticos da capital federal supostamente recebendo propina em dinheiro. O depoimento ocorrerá às 10h no auditório da Superintendência Regional da PF no Distrito Federal.
Apesar da confirmação da data, os deputados distritais da oposição temem que a base aliada tente adiar o depoimento de Durval, que poderá fornecer novas informações e denúncias sobre o esquema em investigação.
De acordo com Chico Leite (PT), os líderes dos partidos da base aliada poderão retirar as indicações dos parlamentares da CPI e tentar ganhar prazo para fazer novas indicações. Para evitar a manobra, o presidente interino da Câmara Legislativa, Cabo Patrício (PT), já editou um ato regimental estipulando prazo - a próxima segunda-feira (25), às 14 horas - para a indicação de novos nomes para integrar a CPI.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), Francisco Caputo, afirma que há precedente no Supremo Tribunal Federal (STF) que garante ao presidente da Câmara Distrital o direito de fazer as indicações caso os líderes dos partidos não façam.
Outra hipótese levantada pela oposição é que o presidente afastado da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente (sem partido), renuncie e force uma nova eleição para o comando da Casa. ;Renunciar é o mais prudente que ele poderia fazer;, ironizou o presidente da OAB-DF. ;O mais acertado é ele sair, pois não tem mais condições políticas de ficar;, analisou
Segundo Caputo, com a renúncia ;vai haver um rearranjo na Câmara;. Isso, entretanto, ;não atrapalha em nada a realização do depoimento;.
A oposição trabalha ainda com a possibilidade de que o depoimento seja tomado de forma extra-oficial, caso a base aliada consiga adiar a audiência de Durval Barbosa. Nesse caso, explica Chico Leite, o depoimento seria dado ao distrital Paulo Tadeu (PT-DF) que como membro da CPI pode fazer a oitiva.
O publicitário Fernando Bretas, que lidera o movimento Brasília Limpa, critica os deputados distritais da base aliada. ;Eles estão tentando uma chicana jurídica para atrasar o depoimento, mas a pressão vai aumentar.; Segundo ele, novas denúncias aparecerão e terão efeito nas eleições de outubro.
Bretas, que também é presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do DF, acusa o distrital Leonardo Prudente de ser o dono de uma empresa (Saldo Mídia) que veicula com exclusividade os anúncios do governo local em ônibus coletivos (busdoor).
A reportagem tentou entrar em contato com o deputado Leonardo Prudente, mas não foi atendida.