As frutas frescas jogadas pelo gramado no recinto dos macacos-japoneses, no Jardim Zoológico de Brasília, funcionam como atrativo para que a curiosa família recém-chegada de Goiânia (GO) explore todo o território. Pai, mãe e filhote inauguram o novo lar construído nos últimos meses para oferecer mais conforto à espécie. Os mamíferos são uma das muitas atrações dispostas nos mais de 140 hectares de muito verde e com características do bioma do cerrado. O zoológico é ponto obrigatório na programação de férias. Num curto passeio pelo parque, por apenas R$ 2 (crianças de até 12 anos e idosos acima de 60 não pagam), a criançada pode fazer uma viagem ao mundo animal. São 1,3 mil bichos de 300 espécies, entre aves, répteis e mamíferos de cinco continentes.
Agarrada às costas da mãe, Bruna Santo Ferreira, 18 anos, a pequena Ana Clara Santo Oliveira, 2, observava atentamente a macaca alimentar o filhote de dois meses. Moradoras de Planaltina de Goiás, elas percorreram mais de 60km de ônibus para curtir o zoo.
Bem próximo ao recinto dos macacos, um veado recém-nascido atrai olhares pela incapacidade de se manter em pé por muito tempo. O filhote ; ainda sem nome ; é o primeiro animal nascido em 2010. Ele veio ao mundo na manhã de 1; de janeiro.
As atentas crianças que passavam pelo recinto dos mamíferos ruminantes encontravam o filhote encolhido sozinho em um canto. Gabrielle Dias, 11, sentiu dó do ainda frágil animal. ;Coitadinho dele, tão pequeno;, manifesta-se a moradora de Vicente Pires. A emoção era tanta que a menina e avó dela, entre uma observação e outra, perderam-se dos outros primos que as acompanhavam no passeio. ;Eles pararam e nós continuamos. Agora teremos que reencontrá-los;, contou a avó, Elisa Amorim, 54.
Admirado com a beleza dos animais, o casal de primos Paloma Lacerda Lopes, 10, e Thiago Lacerda Albuquerque, 10, que passou no local minutos depois Gabrielle, registrou a passagem pelo zoológico. O passeio ao parque era mais que especial. Pela primeira vez, Paloma visitara um zoo. Tudo que ouvira na escola até ali fazia parte de sua imaginação. Ao vivo, os bichos eram diferentes. A emoção de poder descrever o que vira, a cor, o tamanho e os detalhes dos animais era única. ;Eu vi a onça, o elefante, o macaco-japonês. É tudo tão lindo!”, ressaltou a menina que veio de Araripina (PE), distante 2 mil km de Brasília, só para passar as férias na capital do país.
No parque, até o descanso da onça-pintada (1)vira entretenimento. John Samir Campos de Assunção, 19, liderava uma turma de crianças que corriam na grama verde. Alessandra Silva, 2, Gilvanda Campos de Araújo, 12, Yan Veríssimo, 4, e Márcio Antônio de Araújo Filho, 8, moradores do Guará II e de Ceilândia Norte, aproveitaram todos os momentos de diversão que puderam entre o mundo animal.
Arara-azul
As penas azuis e os olhos caídos não deixam dúvida: o filhote que nasceu de um dos sete ovos apreendidos no Aeroporto de Brasília em 2009 é uma arara-azul-grande. A atenção dedicada aos ovos na incubadora assistida e os cuidados dos veterinários durante 24 horas resultaram num belo pássaro. Dos sete ovos, apenas um foi descartado. Dos seis aproveitados, cinco filhotes nasceram. A arara-azul foi a primeira a dar as caras ao mundo e a única que resistiu. ;Acreditamos que o ovo dela estava mais desenvolvido;, conta a chefe da coordenação de cuidadores de aves, Ana Cristina de Castro, 39.
O filhote ; que ainda não ganhou nome ; nasceu em 29 de agosto do ano passado com 7 centímetros de altura e, de peso, 23 gramas. O mascote da coordenação de aves é paparicado por todos os funcionários do local. ;Ela cresce um pouco a cada dia. Os primeiros quatro meses foram na Unidade de Terapia de Aves (UTA), recebendo os cuidados necessários para sobreviver. Agora, estamos curiosos para ver o resultado do exame de sexagem (definição do sexo da ave);, conta o veterinário Ricardo Alves, 25, que se alegra ao pesar a arara e verificar que ela está com 975 gramas e 35 centímetros. Os veterinários esperam integrá-la aos companheiros alados em 2011.
1 - Onça-pintada
É uma das espécies mais ameaçadas. Pode ocupar uma grande variedade de ambientes, tanto regiões florestadas quanto as mais abertas de campos e cerrados, desde que apresentem alto grau de conservação, grande disponibilidade de presas e água em abundância ;ou seja, concorre com muitos proprietários rurais, que praticam a caça predatória devido à predação que o animal causa aos rebanhos domésticos.