Jornal Correio Braziliense

Cidades

Falta d'água tumultua Santa Maria

Moradores da cidade tiveram de passar 24 horas com as torneiras de casa vazias. Estragos foram muitos

Depois de passar quase cinco horas sem luz no domingo, os moradores de Santa Maria sofreram novamente com a falta de infraestrutura. Dessa vez, foi a água que deixou de sair pelas torneiras das casas das140 mil famílias residentes no lugar. A interrupção no fornecimento começou por volta do meio-dia de terça-feira, atrasou almoços e prejudicou o comércio local, dependente do serviço público. A situação só se normalizou após 24 horas ; pontualmente, às 12h de ontem.

A Companhia de Saneamento do Distrito Federal (Caesb) explicou que a paralisação do fornecimento de água ocorreu porque a adutora que abastece Santa Maria precisou ser transferida de lugar. O ponto onde as tubulações passavam ficava justamente sob o viaduto situado no entroncamento das DFs 001 (sentido Recanto das Emas), 065 (vai para o Parque Way) e 480 (sentido Gama). A antiga localização dificultava a manutenção, e a adutora mudou para a margem da estrada de acesso ao Gama.

O problema é que pouca gente tomou conhecimento da interrupção da água, prevista para durar um período de 18 horas. Muitas famílias acabaram pegas de surpresa, pois a maioria delas não possui caixa d;água. O morador da QR 309 Delson Ferreira de Sousa, 36 anos, encontrava-se em casa na terça-feira quando percebeu que o volume da água estava fraco. Acostumado a viver com poucos recursos, ele correu e encheu três baldes. Depois, estabeleceu prioridades para utilizar o precioso líquido. Fora da lista, as louças sujas estavam apinhadas na pia até ontem. ;É muito descaso com o morador;, lamentava Delson.

Prejuízos
A vizinha dele, Maria do Socorro Cardoso Nascimento, 47, não conseguiu tomar providências a tempo e teve de pagar R$ 5 pelo galão de água mineral. Melhor para o vendedor comissionado Wallas Alexandre Ximendes, 24, que vendeu, só ontem, mais de 20 galões. ;Eu precisei, pois até agora não fiz o almoço;, justificou ela, que conversou com o Correio por volta das 12h de ontem.

Sem uma gota de água, os moradores de Santa Maria lotaram os restaurantes da cidade. O Restaurante Comunitário foi um deles. A fila dava volta do lado de fora. Veralúcia Merenciana da Silva, 35, pegou os filhos e enfrentou a multidão para se alimentar porque não tinha como fazer nenhuma refeição ; por mais simples que fosse ; em sua casa, na QR 419. ;Meu marido ficou em casa e tenho de levar comida para ele também;, contou.

O cabeleireiro Josemar Barbosa, 32, precisou cancelar quatro escovas progressivas. Em seu salão na QR 310, ele pôde trabalhar, ontem, com cortes de cabelos. Para molhar a cabeça dos clientes, era preciso usar um borrifador. ;Tive de pegar água na casa da vizinha para terminar os atendimentos iniciados;, reclamou.

Uma das poucas casas com caixa d;água na QR 310, Mara Beatriz Cunha Lima, 30, deixou de lavar louça para ajudar os vizinhos. ;Dei água para quatro famílias daqui;, orgulhou-se. O reservatório na residência dela tem capacidade para armazenar mil litros. Às 10h de ontem, devido ao movimento, já estava com o nível de água pela metade.

O número
140 mil

Número de famílias que ficaram sem água na cidade durante a última terça-feira