Jornal Correio Braziliense

Cidades

Jovens que estavam no bar Área 51 consideram atuação da polícia violenta

[SAIBAMAIS]Pai de jovens que estavam no bar de sinuca, Área 51 -local onde a polícia deflagrou a operação Abstinência -, na 203/204 Norte, disse que os filhos e todos os que estavam no local, passaram momentos de medo com os policiais na madrugada desta sexta-feira (15/1). "A polícia lançou a todos a acusação de serem do tráfico, misturando pessoas inocentes com traficantes", indigna-se o pai do casal de jovens que estava no bar no momento da ação da Polícia Civil.

A filha, assim como o namorado, irmão e amigos foram ao estabelecimento, já que desconheciam que o bar é considerado ponto de tráfico. Ela diz que frequenta o local há cerca de 10 anos e que estavam na porta de saída do bar, quando os policiais chegaram. "Foi horrível, eles pegaram todo mundo e levaram para um prédio na frente do bar e mandaram todos deitarem no chão", relata. Segundo a jovem, os policias apontavam armas para todos, bateram com cassetete em alguns e xingaram ela e as amigas de "vagabundas". "Não podíamos nem olhar para o lado que eles xingavam a gente", diz.

A amiga dela foi, inclusive, confudida pelos policias como traficante e chegou a ser algemada. Depois de algum tempo deitados, todos tiveram que levantar e colocar as mãos na parede para serem revistados. "Como o espaço não era grande um cara ficou atrás de mim, ecostando o corpo dele no meu, foi super constrangedor", lembra. O irmão disse que os policiais foram muito violentos e apertavam com mais força as partes íntimas dos garotos, durante a revista. Eles lembram que, quando estavam deitados, os policiais ficavam batendo palmas perto da cabeça das pessoas, para assustar.

Para o pai, que apóia o combate ao tráfico, a ação dos policiais foi feita para a televisão, já que emissoras de TV foram convidadas para cobrir a ação. "Não quero que a pretexto de proteção ao tráfico a polícia use pessoas inocentes para fazer número para a televisão", diz. A garota, que já viu suas imagens na televisão confudidas com a de suspeitos do tráfico, teme as consequências. "Imagina se meus professores, ou pessoas que vão fazer entrevista comigo, me reconhecem como suspeita de tráfico?" questiona a universitária.

Para os irmãos, a lembrança da madrugada desta sexta deixou uma imagem negativa da ação dos policiais. "Tenho mais medo da polícia do que de traficante", revela a menina. A família preferiu não se identificar, pois teme represálias.