A menos de um mês do início das aulas, a mesma preocupação de todo ano bate à porta: de quanto será o aumento das mensalidades escolares e das faculdades? Se o acréscimo pesa no bolso de quem tem só um filho, a preocupação é ainda maior para os pais que têm dois ou mais em escolas particulares.
Ednalva Rosa Portugal Vasconcelos trabalha em uma agência de turismo e tem dois filhos, um de 12 anos e um de 16, ambos estão matriculados em escolas particulares em Sobradinho. Além do aumento previsto para este ano, o filho mais velho de Ednalva este ano passa do Ensino Fundamental para o Ensino Médio, que tem a mensalidade mais alta. O valor, que até ano passado era de R$ 296, passará a R$ 571, uma diferença de quase R$ 300. [SAIBAMAIS]
;Mesmo que esteja mudando de faixa escolar, não acho justo. A inflação está em torno de 5% e vou passar a pagar mais de 50% de diferença;, calcula. Ela ainda não sabe de quanto será o reajuste na mensalidade do caçula.
Ensino superior
Nas faculdades a situação não é diferente. A funcionária pública Márcia Ramos tem dois filhos no ensino superior. Aline e Bruno Ramos estudam Arquitetura e Direito, respectivamente, na mesma faculdade, na Asa Norte.
Segundo ela, a faculdade reajusta as mensalidades dentro do respaldo legal, mas o valor é alto. Como a grade do curso pode ser aberta, Bruno optou por cursar sete disciplinas este semestre para se dedicar mais aos concursos públicos. Por cada filho, Márcia paga cerca de R$ 1.200 por mês.
Não há o que reclamar do ensino, segundo ela. No entanto, considera o reajuste acima do esperado. ;Tirando por base que em Brasília muita gente ocupa cargos públicos, nossa faixa salarial não acompanha o reajuste aplicado;, pondera.
Para Márcia, o aumento não é proporcionalmente repassado ao corpo docente e a melhorias na instituição. Além disso, Márcia acredita que muitos alunos desistem dos estudos por não terem condições financeiras. ;Normalmente o que se ganha com estágios não cobre sua despesa da faculdade. Além da mensalidade, há o custo com transporte e alimentação;, diz.
Repasse de custos
De acordo com informações do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), o aumento nas mensalidades escolares não é definido em conjunto pelas instituições de ensino. Cada escola monta a sua planilha de custos e faz cálculos técnicos para reajustar o valor de acordo com o investimento e os gastos previstos para novas instalações, aumentos salariais e outras despesas.
Segundo o secretário executivo do Sinepe, Alberto de Araújo, o sindicato não interfere quanto ao aumento. A instituição apenas dá apoio técnico para os cálculos das planilhas, oferecendo cursos e disponibilizando profissionais para auxiliar.
Também é feito um cálculo médio do aumento das instituições no DF, mas para este ano ainda não há uma média. ;Nós acreditamos que o aumento será menor que no ano passado porque a inflação caiu e pelo que as instituições têm assinalado nas assembléias e reuniões;, diz Araújo. Em 2008, o IPCA fechou em 5,9%.
Na opinião do secretário executivo, algumas escolas têm reajuste maior que o previsto porque não elaboram adequadamente a planilha de custos e seus valores ficam defasados, gerando um custo maior para o ano seguinte.
A reportagem do CorreioBraziliense.com entrou em contato com o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos Particulares de Ensino Superior do DF (Sindepes), mas não obteve retorno.
Saiba mais
A Lei Federal 8.970 prevê um reajuste maior que o índice de inflação nos casos em que as instituições comprovarem aos contratantes, por meio de planilha de custos, o gasto com investimentos no plano pedagógico, na estrutura física ou demais gastos administrativos.