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Lâmpadas fluorescentes têm substâncias perigosas que podem causar contaminação

Materiais químicos perigosos como mercúrio, chumbo e cádmio ficam em contato com a população diariamente, mas nem todas as pessoas sabem disso. Essas três substâncias são utilizadas nas lâmpadas fluorescentes, tanto nas de iluminação pública, quanto nas de casas ou de empresas. Esse material, se descartado no lixo comum, faz crescer o risco de contaminação do solo, da água, das pessoas e dos animais. Na capital federal existe apenas um ponto de coleta, instalado no Shopping Pátio Brasil, no início da W3 Sul, aberto no último fim de semana de cada mês.

De acordo com a engenheira química Carla Tatiana Nau, responsável técnica da Organização Não Governamental (ONG) Brasil Recicle, o ideal seria que todas as cidades tivessem postos para descarte das lâmpadas fluorescentes. Segundo ela, o fato de a população desconhecer os riscos de jogar o produto no lixo doméstico potencializa as possibilidades de danos ao ambiente e à saúde humana. ;Raramente a população conhece essa necessidade;, disse.

O correto seria que o governo local se responsabilizasse pela coleta do material em cada cidade. Segundo Carla, também existem estudos que repassam a responsabilidade aos fabricantes pelo descarte de lâmpadas fluorescentes. No DF, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) instituiu um grupo de trabalho para discutir a coleta desse tipo de material. O composto da lâmpada que oferece maior risco à saúde e ao meio ambiente é o mercúrio, que está misturado no pó de fósforo. ;Todo o material pode ser reaproveitado. O vidro pode ser utilizado no esmaltamento de porcelanatos, e o mercúrio é revendido para empresas que fabricam termômetros e barômetros, por exemplo;, disse.

Hoje, a legislação ambiental contempla apenas regras para o descarte de baterias de celulares e pilhas, cujos componentes também ameaçam a saúde humana e o ambiente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ainda não há nada em relação às lâmpadas fluorescentes.

Poucas alternativas
O Pátio Brasil desenvolveu um projeto chamado Ecoponto, que recolhe as lâmpadas fluorescentes do DF. No entanto, é responsabilidade da população e de empresas levar o produto de descarte. O material é enviado para Santa Catarina, onde é descontaminado e reciclado. O superintendente do estabelecimento, Leonel Taffarel, acredita que uma das grandes vantagens da coleta é que, no caso das lâmpadas fluorescentes, eles aproveitam 100% dos resíduos. O posto também recolhe pilhas e baterias.

O shopping recolhe o material em um guichê na praça central em frente à entrada principal. No ano passado, a arrecadação foi de 70.618 lâmpadas e 67.597 pilhas e baterias. O investimento total na reciclagem de pilhas e baterias, em 2009, chegou a cerca de R$ 622 mil. A meta deste ano é recolher 90 mil lâmpadas fluorescentes. ;Nosso depósito comporta 15 mil lâmpadas. Sempre que atingimos esse número, repassamos o material para a empresa que faz a reciclagem;, disse Taffarel.

O soldado do Corpo de Bombeiros Luiz Hernane, 32 anos, leva lâmpadas para o descarte do Pátio Brasil. Ele recolhe todas as que estão queimadas no prédio onde mora, na QND 43, em Taguatinga. Segundo ele, apesar da importância do descarte específico do material, a comunidade ainda não se mobiliza. ;Todo mês temos cerca de 30 lâmpadas fluorescentes para serem descartadas. Eu acho que é um trabalho importante. Esse material vai ser reutilizado, o que evita a poluição;, afirmou.

Danos à saúde
Os produtos químicos utilizados nas lâmpadas fluorescentes são um risco para a saúde humana e para o meio ambiente. O cádmio, por exemplo, causa tosse, falta de ar, inflamação no sistema respiratório e até a morte. O mercúrio provoca insônia, falha de memória, lesões no sistema nervoso e fraqueza muscular. O chumbo pode causar náusea, confusão mental e perda de memória.

Tipos diferentes
Em lâmpadas externas, utilizadas para iluminação pública, há chumbo na composição do vidro, enquanto nas mais comuns, usadas em casas e empresas, o cádmio é fundido ao material. Em ambos os casos não há um processo de separação dos compostos, mas o material, ainda assim, pode ser utilizado em porcelanatos.

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