Jornal Correio Braziliense

Cidades

Base aliada fica com cargos de destaque em comissões da Câmara Legislativa

A base aliada dominou as decisões no primeiro dia de funcionamento da autoconvocação da Câmara Legislativa. O deputado distrital Alírio Neto (PPS), ex-secretário de Justiça do governo Arruda, foi eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção, que vai investigar denúncias de suposto pagamento de propina para membros do executivo e do legislativo locais.

A vice-presidência da comissão, por sua vez, ficou com Batista das Cooperativas (PRP), também da base de apoio à Arruda. Compõem a comissão, ainda, Raimundo Ribeiro (PSDB), atual corregedor temporário da Câmara, Eliana Pedrosa (DEM), ex-secretária do governo Arruda, e Paulo Tadeu (PT), único que representa a oposição e que foi vencido na disputa pelo comando da CPI.

A comissão, que tem 180 dias para investigar as denúncias, realizou a eleição de seu comando no plenário da Casa, contando com a presença total de 19 parlamentares.

A primeira reunião da CPI foi marcada por Alírio para esta quinta-feira (14/1), às 15h. O deputado Paulo Tadeu chegou a requerer a convocação imediata do ex-secretário de Relações Institucionais do governo Durval Barbosa ; autor das denúncias que originaram a operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal ; para prestar esclarecimentos à CPI, mas os demais integrantes do grupo optaram por manter um prazo inicial até dar início efetivo aos trabalhos.

O requerimento e um outro, pedindo que os distritais tenham acesso à íntegra do inquérito 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ; relativo à Operação Caixa de Pandora ;, devem ser analisados na reunião desta semana.

CCJ

Na composição da Comissão de Constituição e Justiça da Casa (CCJ) ; uma das responsáveis por analisar os pedidos de impeachment contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda ;, a situação se repetiu. São quatro deputados governistas e um representante da oposição.

O distrital Geraldo Naves (DEM) foi eleito o novo presidente, enquanto Dr. Charles (PTB) ficou com a vice-liderança. A decisão saiu no início da tarde, quando foram escolhidos, ainda, os outros três integrantes: Eurides Brito (PMDB), Batista das Cooperativas (PRP) e o único representante da oposição, Chico Leite (PT), que também concorreu à presidência do grupo e foi vencido. Eurides Brito é uma das envolvidas no escândalo deflagrado no último dia 27 de novembro, com a Operação Pandora. Ela foi filmada colocando pacotes de dinheiro dentro da bolsa.

Geraldo Naves ainda não marcou data para a próxima reunião da CCJ. O deputado afirmou que, primeiro, vai analisar a adminissibilidade dos processos de impeachment contra o governador Arruda, aceitos pela Procuradoria da Casa.

Com isso, a escolha dos membros que integrariam o comando da Comissão Especial, responsável por analisar o mérito dos pedidos de impeachment, foi adiada, aguardando parecer prévio que confirme a necessidade da criação do grupo. Até então, a eleição da presidência e da relatoria da Comissão Especial também estava marcada para esta segunda-feira. Participam do grupo os deputados Cristiano Araújo (PTB), Alírio Neto (PPS), Batista das Cooperativas (PRP), Geraldo Naves (DEM) e mais uma vez o único representante da ala contrária, Chico Leite (PT).

Manifestações

Enquanto a pauta estava movimentada dentro da Casa, a Polícia Militar e integrantes do grupo "Fora Arruda e toda a máfia" ; formado por estudantes e grupos sociais indignados com as denúncias que vieram à tona com a Operação Caixa de Pandora ; quase entraram em confronto.

Os manifestantes, que passaram a noite acampados no gramado da Casa, se instalaram na rampa de acesso à CLDF e se recusaram a sair do local. Policiais tentaram arrastá-los a força, por volta das 8h30, mas a PM decidiu não entrar em confronto.

Integrantes de um grupo a favor do governo estavam na outra rampa de acesso à Casa e saíram assim que os policiais pediram. O grupo chegou ao local por volta das 5h e quebrou o caixão e o boneco de Arruda, usados pelos opositores.

Integrantes do "Fora Arruda e Toda a Máfia" acusaram os manifestantes rivais de terem recebido dinheiro para comparecer à CLDF. Um servidor do GDF, que preferiu não se identificar, chegou a afirmar à reportagem do Correio que recebeu R$ 200 do governo para participar do grupo a favor de Arruda.

Em resposta à denuncia, o GDF respondeu, em nota, "que não existe a determinação de induzir servidores a participar de manifestações públicas". Ainda de acordo com o comunicado, "no entendimento do governo, trata-se de uma denúncia vazia e articulada, mais uma vez, por grupos políticos contrários à atual gestão".