Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mês de dezembro teve baixa inflação

O último mês de 2009 registrou a menor inflação desde abril do mesmo ano. Os preços aumentaram 0,12% em relação a novembro. Dos sete grupos de despesas pesquisados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para compor o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), dois registraram deflação. Os gastos com alimentos e transportes foram, respectivamente, 0,14% e 0,12% menores em dezembro se comparados a novembro. O coordenador do índice, André Braz, sugere que os preços dos alimentos sejam pesquisados e os produtos, substituídos, quando for o caso. ;O consumidor deve dar preferência para os itens alimentícios que estão mais baratos naquele mês;, ensina. Os gastos de saúde e cuidados pessoais tiveram um aumento de 0,03%, ficando abaixo da inflação média do período.

Em contrapartida, as peças de vestuário subiram 0,58% apenas em dezembro, graças às vendas de fim de ano. Como a demanda aumenta no período, os lojistas não só deixam de lado as liquidações, como promovem reajustes de preços. Mas em janeiro as promoções provocam até filas nas portas das lojas. A tendência é de que os brasilienses encontrem muitos descontos nas vitrines. Os produtos de educação, leitura e recreação subiram 0,32% no mês, puxados por reajustes nos preços dos materiais escolares. Eles ficaram 1,79% mais caros apenas em dezembro. No mês passado ainda não haviam sido captadas as elevações nos valores das mensalidades escolares, mas, com a virada do ano, a tendência é que eles subam. No ano passado, as mensalidades subiram, em média, 4,26%. Mas os valores chegaram a ter reajustes de até 10,57%, caso da educação infantil. No entanto, os cursos universitários cobraram 2,41% menos que em 2008.

As despesas com serviços e produtos de habitação subiram 0,25% no último mês de 2009. O aluguel residencial aumentou 0,16% e as taxas de condomínio, 0,14%. As empregadas diaristas estão cobrando 2,14% mais que em novembro. No ano, a habitação foi o grupo que mais subiu: 6,76%. As despesas diversas tiveram variação positiva de 0,18% no mês. As bebidas alcoólicas subiram 0,45%. O principal aumento foi na cerveja, que ficou 1,72% mais cara em função da chegada do verão. Segundo a FGV, outro item que encareceu as despesas diversas foi a ração para animais, que teve, em média, alta de 2,72%.

DICAS

Alimentos em queda

Os alimentos, em geral, registraram deflação de 0,14% em dezembro e subiram 2,91% em 2009, abaixo da média da inflação da cidade. Mas o consumidor deve ficar atento: alguns itens chegaram a subir 83,45% no acumulado do ano passado, como é o caso da cenoura. A dica para fugir dos preços altos é pesquisar em pontos de venda diferentes e trocar os produtos mais caros por outros mais em conta. As frutas, por exemplo, devem ser compradas quando estiverem na estação. O mamão foi um dos vilões de dezembro. Ficou 19,46% mais caro. Por outro lado, a goiaba ficou 3,88% mais barata, e a uva, 4,67%. Apesar do aumento, o mamão continua sendo a fruta preferida da arquiteta Ana Paula Guedes, de 39 anos, moradora do Sudoeste. Aliás, o mamão é o que tem maior peso no orçamento das famílias do DF. De todo o gasto mensal do brasiliense, segundo a FGV, 0,26% serve para a compra do mamão. A laranja compromete apenas 0,15%, e a uva, 0,12%.

Mesmo com os reajustes, Ana Paula continua comendo mamão todos os dias. ;Procuro escolher as frutas da estação, mas para mamão não tem jeito;, conta. A dica de André Braz é que os consumidores façam a troca por frutas mais baratas. O mesmo pode ser feito com as carnes.

EDUCAÇÃO
As despesas com educação subiram 0,23% no mês, puxadas por reajustes nos preços de materiais escolares, que ficaram 1,79% mais caros, e dos livros, que tiveram alta de 3,13%. Em 2009, os gastos com educação aumentaram 3,92%. As escolas de educação infantil foram as que mais elevaram as mensalidades ; em média, 10,57% no ano passado. O ensino fundamental encareceu 10,52% e o ensino médio, 9,72%. Já as universidades baixaram em 2,41%, em média, os valores das mensalidades, puxadas pela concorrência entre as instituições.

PASSAGEM AÉREA
As tarifas aéreas ficaram 0,91% mais baratas em dezembro. A FGV pesquisa apenas as passagens compradas para voos de lazer, pagas pelos próprios consumidores, não incluindo as viagens a trabalho, pagas pelos empregadores. A queda se deve ao fato de a capital brasileira não ser muito demandada como atrativo turístico. Na média nacional, por exemplo, em dezembro, período de férias, as passagens ficaram 5,53% mais caras. Ao fim de 2009, os brasilienses estavam pagando, em média, menos para voar. A queda anual é parecida com a registrada em média nacional, de 25,36%.

PEÇAS DO VESTUÁRIO
As roupas vendidas no Distrito Federal ficaram, em média, 0,59% mais caras em dezembro, puxadas pela demanda alta em função do Natal. Os sapatos aumentaram 0,76%. No ano os preços subiram 4,86% e 6,80%, respectivamente. No mês passado, as roupas masculinas foram as que mais subiram (0,92%), seguidas pelas femininas (0,43%) e pelas infantis (0,31%). Os acessórios do vestuário ficaram 0,41% mais caros, e os cintos e bolsas, 1,75%. Em janeiro, a tendência é que esses itens fiquem mais baratos, em função das liquidações de fim de coleção.


Vilões
HOTEL:
O período de férias contribuiu para elevar em 4,14% as tarifas cobradas pelos hotéis da cidade apenas em dezembro. No acumulado do ano, eles estão 6,87% mais caros. ;Os preços geralmente sobem em todo o país neste período;, explica o coordenador do IPC-S, André Braz.

CERVEJA: Em dezembro, com a chegada do verão, a bebida ficou 1,72% mais cara. O aumento foi o mesmo dos primeiros 11 meses do ano passado. Ao todo, a cerveja ficou 3,55% mais cara em 2009 em relação a 2008, e foi a que menos subiu no DF. Em média, as bebidas alcoólicas ficaram 5,52% mais caras.

DIARISTA: As empregadas domésticas diaristas aumentaram em 2,14% os valores dos serviços apenas no mês passado. Os reajustes no preços dos serviços estão frequentes. Em 2009, o aumento foi, em média, de 21,61%.


Mocinhos
LATICÍNIOS: Os preços dos derivados de leite caíram 4,49% em dezembro, o que contribuiu para uma redução de 0,31% na média anual dos produtos. De acordo com André Braz, da FGV a redução neste período do ano é comum e deve-se ao período de chuvas, que melhora os pastos e ajuda a elevar a produção de leite.

ÓLEOS E GORDURAS: Os valores de óleos e gorduras diminuíram 2,39%, influenciados, principalmente, pela queda no preço do óleo de soja, já que a demanda pela soja também sofreu queda com a crise econômica que atingiu o mundo a partir de setembro de 2008.

CARNES SUÍNAS: As carnes suínas ficaram 3,28% mais baratas em dezembro. No ano, a redução foi de 8,88% devido ao aumento da oferta. A crise econômica internacional reduziu a demanda no mercado externo, elevando a quantidade de carne, em geral, no mercado interno, o que provoca redução de preços.