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É bom estado de saúde da primeira criança que passou por transplante de coração no DF

Segue estável o quadro de saúde de Marcela, primeira criança a passar por um transplante de coração infantil no DF. De acordo com o supervisor da cardiopediatria, Jorge Afiune, a menina de um ano e sete meses passa bem, se alimenta e respira sem a ajuda de aparelhos nesta sexta-feira (25/12). Ela deve permanecer na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelo menos até a próxima segunda-feira.

A operação da menina ocorreu na última segunda-feira, no Instituto de Cardiologia do DF (IC-DF) e durou cinco horas. Segundo Afiune, o resultado do procedimento é considerado excelente. ;Estou muito aliviada, muito feliz. Eu estava bem confiante. É uma tranquilidade saber que vou poder pegar ela no colo;, disse a mãe da menina, Karen Pereira Pires, 18 anos. As primeiras palavras de Marcela depois da cirurgia foram para pedir água à mãe.

Neste Natal, o desejo de Karen é ver a filha crescendo com saúde. ;Penso que ela vai crescer, me chamar de mamãe, estudar e ser alguém no futuro;, completou. A criança vive em Arapoangas, setor de Planaltina, com a mãe, uma irmã de 4 meses, a avó materna e cinco tios.

Luta
Nascida em agosto de 2008, Marcela teve uma virose em [SAIBAMAIS]agosto deste ano e foi internada no Hospital Regional de Sobradinho. Seu estado se agravou e ela sofreu uma miocardiopatia dilatada, ou seja, o coração dilatou e perdeu a capacidade de contrair. Em setembro, foi transferida para o hospital particular e entrou na fila do transplante no dia 12 de novembro.

O coração veio cinco meses depois que Marcela ficou doente. Ela recebeu o órgão de uma menina de 3 anos, com tamanho e tipo sanguíneo compatíveis com os dela. Além do DF, só três cidades no Brasil realizam transplantes de coração em crianças: São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza.

Longe de animais
De acordo com o médico Jorge Afiune, o transplante cardíaco em crianças costuma ter 85% de sobrevida em 10 anos ; ou seja, ao fim de uma década, 85% das crianças transplantadas terão boa qualidade de vida. ;A cirurgia é feita para reinserir a criança e fazer com que ela tenha uma vida normal. O resultado final vai depender de como serão as condições de vida dela;, explicou.

Marcela deve ficar mais 15 dias internada no hospital, depois poderá ir para casa. Quando voltar, ela deverá evitar contato com animais e terá que dormir em um quarto sozinha com a mãe. ;No primeiro ano, o maior risco é de infecção e de rejeição do órgão. Em qualquer sinal de alerta, como febre ou diarreia, a mãe vai ter que procurar o hospital;, disse a coordenadora clínica do transplante cardíaco pediátrico, Cristina Afiune.