Jornal Correio Braziliense

Cidades

Arapoanga receberá esta noite decreto de regularização

Cerca de 40 mil habitantes da região em Planaltina terão legalizadas suas casas. Decreto do governo permitirá escrituras dos lotes

Moradores de Arapoanga, em Planaltina, recebem hoje à noite o decreto de regularização dos lotes. O governo aprovou os estudos urbanísticos e ambientais da área ocupada há quase duas décadas. A medida beneficia cerca de 40 mil pessoas que sonham com a escritura definitiva das casas. O documento será emitido depois do registro em cartório das terras do setor habitacional. A previsão é que isso ocorra nos próximos dois meses. Enquanto isso, a comunidade acompanhará as mudanças no endereçamento do bairro. Ruas com nomes próprios dão lugar a quadras numeradas para facilitar a localização na área. O modelo adotado será similar ao do Plano Piloto.

A ocupação irregular da região de Arapoanga começou em 1992. A extensa área vazia de propriedade privada foi vendida pelos donos e seus herdeiros sem a prévia aprovação dos projetos urbanísticos nem a emissão da licença ambiental. A ilegalidade impedia os moradores de terem o registro em cartório dos lotes. Além dos imóveis vendidos sem a devida aprovação do governo, houve invasões. Quem já pagou pelo lote terá direito a escritura sem desembolsar mais nada. As pessoas que não pagaram terão agora que negociar com os proprietários para poder receber o documento das casas.

A venda dos imóveis estará de acordo com a situação financeira das pessoas - cuja maior parte é baixa renda. A advogada Maria Olímpio da Costa, que representa os donos das terras, garante que a intenção não é retirar ninguém dos lotes, e sim, viabilizar as escrituras para os moradores independentemente da questão de pagamento. Para tanto, foi montado um escritório no Arapoanga para fazer a triagem dos documentos e esclarecer as dúvidas da população. Lotes de 200 metros quadrados valem, em média, de R$ 20 a R$ 30 mil. ;Não há expectativa de taxar os lotes com preços de mercado. A negociação será adaptada à situação das pessoas;, afirmou ela. A presidente da União dos Condomínios Horizontais (Unica), Junia Bittencourt, ressaltou que a população está apreensiva. ;A maioria não tem dinheiro para competir com os preços de outros condomínios. Terá que ser avaliada a terra nua;, disse.

Segundo a advogada, os proprietários vão registrar a área ocupada (8.227 lotes) em cartório nos próximos 90 dias. Após o trâmite, os moradores receberão o título de domínio dos imóveis. Já a área do Arapoanga que continua vazia (cerca de 5 mil lotes) ainda não tem previsão de ser legalizada. O Grupo de Parcelamentos do GDF (Grupar) aguarda a liberação da licença ambiental do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Depois de regularizada, o governo pretende ofertar parte dos imóveis vazios para o programa Minha Casa, Minha Vida, do Ministério das Cidades. ;Serão prédios populares para pessoas com renda de até 10 salários mínimos;, adiantou o gerente de Regularização, Paulo Serejo.

Endereços
A reorganização do sistema de endereçamento do Arapoanga é um pedido antigo da comunidade. Até mesmo para os moradores é difícil se localizar no bairro, já que os endereços são formados por uma complicada mistura de números e letras. Segundo Paulo Serejo, as ruas serão organizadas em quadras e conjuntos. As novas siglas ou números das quadras ainda não estão definidos. ;Os nomes saem e dão lugar à numeração par e ímpar, como ocorre no Plano Piloto; , afirmou ele.

Outro grande problema decorrente da ilegalidade é o caos urbanístico em que se transformou o setor. Os empreendedores venderam um número de lotes muito superior ao recomendado. Não sobrou área suficiente nem mesmo para o tráfego de veículos. As ruas são estreitas e o trânsito, complicado. O setor já tem quatro escolas, um centro de saúde e um posto policial. As obras do asfalto, do esgoto e do sistema de captação de águas pluviais estão em andamento.




A ocupação
A entrega do decreto de regularização será hoje, às 19h, na Escola Classe do setor habitacional ( Colégio do Jordenes)

  • Área total

  • 585 hectares lotes ocupados

  • 8.227 lotes vazios

  • 5 mil moradores

  • 40 mil pessoas