Jornal Correio Braziliense

Cidades

Hoje é o último dia para conferir a exposição de Natal no metrô

Opções de presentes não faltam: tem bijuterias, bordados, biscuit, bonecas, entre outros

Faz duas semanas que a Estação do Metrô da Rodoviária do Plano Piloto está mais colorida. No local, 49 artesãos de todo o Distrito Federal montaram mesas enfileiradas com diversas peças. Entre os produtos expostos estão bijuterias, bordados, trabalhos em renda, bonecas, caixas para presente, potes e enfeites de biscuit que, além de decorar o ambiente, são a única fonte de renda para a maioria das famílias que os produzem. Quem ainda não viu não sabe o que está perdendo, e é bom correr: a exposição termina hoje tanto na Rodoviária quanto nas demais estações do metrô, que também têm estandes de artesanato.

Com tanta variedade de produtos, os usuários do metrô não conseguem resistir à tentação de comprar. É o caso da auxiliar administrativa Djana Prado, 29 anos. Mesmo com pressa para levar o filho ao dentista, ela parou por alguns minutos para adquirir um enfeite para cabelos. ;Acho que é uma boa oportunidade para os artesãos mostrarem seu talento. Deveria ser uma exposição permanente;, defendeu. Mais de 700 mil pessoas circulam pela Rodoviária diariamente, mas a quantidade não significa garantia de vendas. A moradora de Taguatinga, Rosa do Nascimento, 46 anos, por exemplo, fez 20 pares de brincos, mas as vendas nos primeiros dias ainda não a empolgava. ;O artesanato ainda não é muito valorizado em Brasília;, explicou.

Trabalhando como artesã há mais de uma década, Maria Célia de Oliveira sente-se feliz por conseguir pagar as contas com o dinheiro que ganha com o artesanato. Aposentada, ela não encara o trabalho apenas como uma profissão. ;Não tenho filhos nem marido. É uma terapia para mim;, disse. Maria Célia aprendeu a arte quando ainda era menina, em um colégio de freiras de Minas Gerais e, desde então, não parou de produzir. Chegou a Brasília em 1966 e começou a expor os crochês e as bijuterias em casa, mas somente nos últimos anos é que decidiu sair pelas ruas e mostrar os trabalhos em exposições.

Há ainda quem faça artesanato para exportação, como Wanda Lúcia Mendonça Sérgio, 57 anos. Ela confecciona bonecas de pano que chamam a atenção pela beleza e pelo bom acabamento. ;Tem que fazer um bom trabalho para dar certo, além de ter muita determinação;, ensinou. Ela decidiu ser artesã em 2001, quando ficou desempregada. Procurou um curso profissionalizante e hoje trabalha ao lado da filha de 29 anos. ;Mais de 70% das despesas de casa são pagas com o dinheiro do artesanato;, disse, orgulhosa.

ONDE É
Cerca de 160 artesãos estão expondo seus trabalhos em todas as Estações do Metrô (Rodoviária, 114 Sul, Arniqueira, Águas Claras, Samambaia, Taguatinga e Ceilândia). Horário: das 8h às 19h.

COMO PARTICIPAR
Em todo o DF, são 17.630 artesãos inscritos na Secretaria do Trabalho. O cadastro é feito todas as terças-feiras na Gerência de Promoção de Trabalhos Artesanais (GPTA), localizada no Setor de Diversões Sul, atrás do Teatro Dulcina. O artesão recebe uma carteira profissional e pode participar das exposições organizadas pela Secretaria de Trabalho no DF. O interessado deve levar documentos pessoais (Carteira de Identidade, CPF, uma foto 3x4, comprovante de residência no DF em seu nome, peças de sua autoria e a matéria-prima que utiliza, para demonstrar a técnica aplicada no produto). Em seguida, o interessado preenche uma ficha que passará por análise da equipe de gerência. Mais informações pelo telefone 3322-8417.

Estímulo
Josenilcia Rosa da Cruz Câmara (foto), 38 anos, tem dois filhos portadores de necessidades especiais, um de 19 e outro de 17 anos. O primeiro não escuta e o segundo tem deficiência mental. Sem ter como trabalhar fora, ela viu no artesanato uma forma de conseguir pagar as contas, comprar os remédios e fazer o que gosta. Com o dinheiro que ganha vendendo as caixas de presentes, ela ainda consegue pagar a faculdade de serviço social. Cursando o sexto semestre, Josenilcia se considera uma vencedora. ;Eu fico muito feliz porque não é uma missão fácil. O artesão trabalha demais e ainda sai para vender. É difícil conciliar trabalho, filhos e faculdade, mas quando as pessoas gostam do meu trabalho, me sinto valorizada e estimulada a continuar;, disse.