Doze toneladas de alimentos. Esse foi o resultado da mobilização do projeto Serenata de Natal para fazer mais feliz o Natal de famílias carentes do Novo Gama (GO). Durante o dia de ontem, foram entregues em 603 casas do município cestas básicas, brinquedos, roupas, móveis e colchões. A organização dos donativos e a montagem de cada kit foram feitas ao longo da semana passada por um grupo de 40 voluntários. %u201CFicamos muito felizes com o resultado, com a sensação de que estamos fazendo o bem. Sabemos que a doação material acaba, mas o gesto de ter se preocupado com outra pessoa fica para sempre%u201D, destacou o jornalista Rivelino José dos Santos, 35 anos, um dos organizadores da ação.
Há 14 anos, ele e outros frequentadores da paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição realizam esse trabalho com o objetivo de levar um pouco de conforto a moradores de bairros pobres do município, entre eles Boa Vista, Vila União e América do Sul. As doações vêm de várias partes do Distrito Federal, de cidades do Entorno e da própria comunidade do Novo Gama. A logística para o cadastramento das famílias beneficiadas e da entrega dos alimentos é aperfeiçoada a cada ano. Ao longo do domingo, das 8h às 15h, os voluntários se distribuíram pelos locais de entrega e levaram, em seus próprios carros, os donativos. A cada saída, os veículos eram abastecidos com cinco kits.
A estratégia, apesar de muito trabalhosa, foi adotada com o intuito de garantir a segurança de todo o processo. Em alguns anos, quando um caminhão foi usado para levar as cestas, houve tumulto e tentativa de saques. O engajamento e organização do grupo asseguraram um recorde de arrecadação em 2009. Além das 12 toneladas de mantimentos, foram recolhidos 1,2 mil brinquedos. %u201CMuitas vezes, quem ajuda não tem muitas posses, mas faz com muita satisfação um sacrifício para partilhar o que tem%u201D, revelou Rivelino.
O que parece pouco para aqueles que não precisam de ajuda é recebido como tesouro por quem mora em locais sem o mínimo de infraestrutura e conta com apenas o básico para sobreviver. %u201CJá estava contando para que chegasse logo esse dia. Agora, o Natal será mais completo%u201D, afirmou a costureira Niomar de Sousa, 52. Ela, o marido, Antônio de Sousa, e quatro dos 23 netos receberam com muita alegria a equipe do Serenata de Natal. Moradores do bairro Boa Vista, eles têm como vizinha uma estação de tratamento de esgoto. A família vive com a aposentadoria de Antônio e com o pouco que Niomar recebe pelos serviços de costura. Assim como no caso deles, a baixa renda foi o critério usado para selecionar todas as 2.950 pessoas que seriam beneficiadas pela ação.
Durante três meses, uma equipe de voluntários percorreu áreas carentes para fazer o levantamento das famílias. Depois de cadastradas, todas foram classificadas de acordo com a faixa salarial mensal. A maioria declarou não contar com renda alguma ou apenas com benefícios governamentais, sendo R$ 657 mensais o maior valor declarado. Segundo os organizadores do projeto, muitos trabalham na informalidade %u2014 catadores de lixo, flanelinhas e faxineiras %u2014, ou seja, não têm carteira assinada ou qualquer garantia de salário no fim do mês. %u201CNesse contato, a gente conhece mães e pais e conhece de perto a necessidade de cada um. É uma satisfação imensa poder voltar no fim de ano para entregar os alimentos e os presentes para as crianças. É uma sensação indescritível%u201D, descreveu a assistente de eventos Ana Karoline, 27, que há seis anos faz parte do projeto.
Ainda cansada, a jovem explicou que os preparativos para o Natal de 2010 começam logo no início do ano. A partir de janeiro, o grupo começa a organizar a Festa do Milho, que acontece na paróquia em maio. Todo o dinheiro arrecadado durante a festa é destinado à compra de mantimentos. %u201CEste ano, foram quase R$ 6 mil, o que garantiu a compra de 210 cestas básicas%u201D, explicou, animada.