Jornal Correio Braziliense

Cidades

Paralisação da Polícia Civil deve ser encerrada hoje

Em reunião com a participação de 100 delegados sindicais, a maioria votou pelo retorno ao trabalho na esperança de o GDF encaminhar a proposta da categoria ao Palácio do Planalto

Em resposta ao descumprimento da decisão judicial de suspender a greve dos policiais civis do Distrito Federal, o Ministério Público do DF encaminhou uma representação ao Tribunal de Justiça do DF pedindo o aumento da multa diária de R$ 15 mil para R$ 50 mil caso a categoria insista na paralisação. Com mais esta pressão, a greve dos policiais deve ser suspensa hoje. O presidente do sindicado, Wellington Luiz de Souza, reuniu-se ontem no Sudoeste com 100 delegados sindicais, que representam a categoria nas suas respectivas unidades policiais. Grande parte dos presentes votou pela suspensão do movimento.

Uma nova assembleia com os delegados marcada para hoje, às 17h, definirá os próximos passos da categoria. No encontro de ontem, os delegados votaram pela suspensão da greve com a condição de trabalhar em operação padrão. Ou seja: eles obedecem as normas da Polícia Civil e não realizam tarefas além do necessário. Uma das reivindicações dos policiais civis é justamente a modernização do regimento que, segundo alguns, é ;burocrático;. ;Entendemos que o momento é de suspender a greve e aguardar o cumprimento do governo, que prometeu encaminhar nossa proposta ao Palácio do Planalto;, explicou Wellington.

Logo após a decisão da desembargadora Sandra de Santis, na última terça-feira, em considerar ilegal a greve e pedir a imediata suspensão do movimento, o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) apelou da decisão judicial para continuar a paralisação. O pedido foi negado. Em segunda tentativa, o desembargador Flávio Rostirola, da 1; Vara Cível do TJDFT, negou a reconsideração feita pela entidade classista e manteve a decisão de Sandra em suspender a greve imediatamente.

Guerra política
A categoria se reuniu na última quarta-feira para votar a proposta feita pelo governo de montar uma comissão especial para estudar os impactos do reajuste de 28,7% e articular o projeto com o governo federal. A reunião tinha tudo para aprovar a proposta do governo. O problema teria sido uma guerra política que divide a corporação. Segundo fontes ouvidas pelo Correio, cinco líderes insuflaram a categoria a não suspender a greve com a intenção de desgastar a imagem do presidente do sindicado para serem favorecidos nas eleições de 2010 ; um ou dois delegados concorrerão ao cargo de deputado distrital e querem os votos da categoria, assim como Wellington.

De acordo com os cálculos oficiais, as melhorias reivindicadas pelos policiais ; que pressionam para aumentar o salário médio dos policiais civis de R$ 11 mil para R$ 16 mil e dos delegados de R$ 19 mil para R$ 22 mil ; custarão R$ 473 milhões a mais nos recursos do Fundo Constitucional.

Segundo o secretário de Segurança Pública, Valmir Lemos, o assunto ainda tem que ser debatido entre o governo e a categoria para que seja analisado ponto a ponto e se identifique o impacto deste valor e o orçamento do governo. ;Tomamos conhecimento que a categoria teria decidido por uma nova assembleia hoje, até para que pudesse avaliar as circunstâncias que envolvem a matéria. Esperamos que a situação volte à normalidade, para que a matéria possa ser discutida;, disse.





Ministério veta gratificação
No início da semana, o governador Arruda anunciou, após reunião do secretariado, que o GDF iniciaria o pagamento (inclusive dos valores retroativos a abril) da Gratificação Por Risco de Vida aprovada no Plano de Cargos e Salários dos policiais bombeiros e militares. Isso seria possível ;graças a entendimentos com o Ministério do Planejamento, em fase final;.

Mas, em resposta a um ofício do GDF, o Ministério do Planejamento informou a ;impossibilidade de atendimento do pleito do GDF;, alegando que a implantação de novo módulo para pagamento de adicionais implicaria atrasos na folha de todos os funcionários públicos federais: ;Excepcionalmente neste mês de dezembro, a implantação de um novo módulo implicou a prorrogação da folha regular e, por conseguinte, o encurtamento dos prazos para o seu processamento, inviabilizando o pagamento de todos os servidores públicos federais na data programada;.