Jornal Correio Braziliense

Cidades

Distritais acusados de receber propina resolvem quebrar o silêncio

Os deputados distritais acusados de participação no suposto esquema de distribuição de propina a aliados e assessores do governo quebraram o silêncio. Com declarações como "jamais meteria a mão no que não é meu", usaram a tribuna do plenário da Câmara Legislativa para se defender. Cinco dos oito acusados de envolvimento fizeram uso da palavra. Sem apartes, foram ouvidos por um plenário silencioso, já que ontem o acesso às galerias estava vetado. Rogério Ulysses (PSB), distrital citado no inquérito e que teve gabinete e residência revirados pela Polícia Federal, foi o primeiro a falar. Afirmou que nunca esteve com Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais e delator do suposto esquema de corrupção. "Nunca tive, graças a Deus, a oportunidade de me sentar com ele." O deputado de São Sebastião disse ainda que teve o nome envolvido em uma conversa "covarde" e "descontextualizada". "Um submundo da política que eu nunca presenciei", concluiu. Depois dele, um a um os distritais envolvidos no escândalo subiram à tribuna. A deputada Eurides Brito (PMDB), flagrada pelas câmeras de Durval guardando maços de dinheiro na bolsa, disse: "Reputação é o que pensam de nós. Caráter é o que nós somos, mesmo no escuro. Não me importo com reputação. Me importo com o que Deus pensa de mim". "Empobreci" Benedito Domingos, que é citado como beneficiário do suposto pagamento de propina à base aliada, disse que estava ansioso para falar. "A gente até passa a correr risco porque o povo acha que a gente está milionário, mas eu sou um político que empobreceu na política", justificou. Aylton Gomes (PR) disse que "jamais meteria a mão" naquilo que não era dele. Rôney Nemer (PMDB) se colocou à disposição das investigações e disse que abriria seus sigilos telefônico, fiscal e bancário. "Com muita fé e trabalho, quero me reeguer", concluiu.