Foi nas páginas de um jornal comunitário, na seção de polícia, que os funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) souberam da morte trágica do índio José Luiz Lopes. Ele foi brutalmente assassinado na Chácara 73, próximo ao Conjunto K, em Ceilândia Norte, na madrugada da última segunda-feira. Não há pistas do autor do crime.
José Luiz Lopes, conhecido como Luis Guarani, tinha 50 anos. Costumava ir a Ceilândia Norte para beber e, no domingo, foi assistir ao jogo do Flamengo, pela última rodada do Campeonato Brasileiro de futebol. Ao fim da partida, fora do bar, ele teria se envolvido em uma discussão e acabou morto a pauladas, segundo informações da 19; Delegacia de Polícia.
O boletim de ocorrência registra que Luiz Guarani teria sido assassinado a golpes de pau ou marreta na cabeça e ainda tinha a marca de um tiro na mão direita. A vítima não carregava documentos e só não foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) como indigente porque moradores da região o reconheceram.
Mendigo
Nascido em Abadiânia, distante 120km de Brasília, Luiz Guarani vivia como mendigo. Dormia em uma kombi na garagem da Funai, na Asa Sul. Não tinha casa e nunca foi visto comentando sobre a família, nem mesmo dava garantias de que era da etnia guarani.
Havia dois anos que estava no Distrito Federal e se apresentou como sendo da tribo guarani-caiová, até ser ;desmascarado; por caiovás de Mato Grosso do Sul. A partir de então, classificou-se apenas como guarani. Todos os dias, almoçava na sede da Funai com os demais índios acampados por ali. Os funcionários do órgão contam que ele tinham fama de valente e, volta e meia, aparecia ferido, muito provavelmente por causa das confusões em que se metia, principalmente quando estava bêbado, como ocorreu na madrugada de segunda-feira.
Uma funcionária da Funai e uma assistente social da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) estão providenciando o atestado de óbito de Luis Guarani e ele deve ser enterrado hoje, em local a ser definido.