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Termina prazo e manifestantes prometem resistir à retirada da Câmara Legislativa

Os manifestantes, que há seis dias ocupam a Câmara Legislativa, permanecem na Casa, apesar do prazo dado pelo presidente interino Cabo Patrício (PT-DF) para que deixassem o local até 8h esta segunda-feira (7/12). O deputado está reunido com outros distritais e, só então deve falar com os ocupantes, que estão de prontidão. O clima, até 11h20, era tranquilo.

A promessa dos manifestantes, no entanto, é não ceder à possível retomada do local pela Polícia Militar. Os integrantes do Movimento Fora, Arruda e toda a máfia dizem que só sairão carregados. Eles vão se acorrentar ao prédio da Casa e segurarão flores como forma de protesto contra a reintegração de posse, caso a PM seja chamada.

Segundo Cabo Patrício, mesmo com ação policial, não haverá confronto físico entre as partes. Segundo ele, o objetivo é retirar as pessoas sem violência e dar continuidade às atividades parlamentares.

Na última sexta-feira (4/12), o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) concedeu liminar, a pedido de Cabo Patrício, ordenando a desocupação do prédio da Câmara Legislativa. A Justiça determinou que a polícia fosse convocada para executar a ação.

No mesmo dia, representantes do movimento e o distrital tentaram, sem sucesso, entrar em um acordo. No sábado (5/12), eles voltaram a se reunir para discutir o assunto. Mais uma vez, não houve consenso.

Cabo Patrício defende o retorno imediato das sessões e da pauta de votações. Os manifestantes alegam que só saem quando os acusados de participação no esquema de corrupção forem cassados, mas aceitam deixar temporariamente o plenário para não intimidar os deputados.

;Essa hipótese de deixar o plenário só por um tempo não existe. Não vamos colocar a faca no pescoço da Câmara, que já está com a imagem bem arranhada;, argumentou o presidente interino.

[SAIBAMAIS]Para a integrante da comissão de comunicação do movimento Mel Bleil Gallo, 21 anos, a saída dos manifestantes pode significar o fim da pressão popular sobre o escândalo envolvendo o primeiro escalão do GDF e da Câmara Legislativa. ;Quem nos garante que a investigação continuará? Quem nos garante que não entrarão no poder outros políticos corruptos?;

Antes de autorizar a retomada do prédio da Câmara Legislativa, Cabo Patrício pretende ter a última reunião com os manifestantes no início da manhã de hoje. ;Continuo negociando por uma solução pacífica. Caso não ocorra, os policiais terão que agir, mas sem violência;, avisou ele. A assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que os homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estão de sobreaviso, apenas esperando a ordem para desocupar o espaço.

Habeas corpus
Durante o dia de ontem, os manifestantes fizeram reuniões para definir estratégias contra a ação de desocupação. Dentre as medidas, estudam a possibilidade de conseguir habeas corpus e entrar com recurso contra a liminar.

Logo cedo, alguns voluntários foram às ruas distribuir panfletos convocando a adesão popular. À tarde ; após limpar as dependências da Casa e consertar as duas portas de vidro que foram quebradas no primeiro dia da invasão ;, os ocupantes promoveram, ao lado do plenário, shows de bandas locais para atrair o público. Também assistiram à final do Campeonato Brasileiro de Futebol.