Em vez de comemoração em bares com os amigos, dois dos três homens suspeitos envolvimento no triplo assassinato na 113 Sul preferiram não sair de casa no primeiro fim de semana que passaram livre das grades. Embora tenham ganhado a liberdade, eles sabem que ainda são investigados pelo crime que completa 101 dias hoje. Alex Peterson Soares, 23 anos, e Cláudio José de Azevedo Brandão, 38, negaram ao Correio qualquer relação com as mortes e o roubo que ocorreram no apartamento 601/602 do Bloco C em 28 de agosto. ;Se a gente estivesse com US$ 700 mil e joias, faria um churrasco numa favela? Ia para o Havaí;, desabafou.
Alex não mora mais no mesmo lote onde reside Cláudio, um conjunto de barracos, em Vicente Pires. Um dia após a prisão dele, em 3 de novembro, a família fez sua mudança para a casa de um irmão no Núcleo Bandeirante. Ele reside atualmente lá. Alex reafirmou que conheceu Rami, com quem dividia o imóvel de dois quartos em Vicente Pires, cinco dias antes de ter sido encontrada a chave no quarto dele pela equipe da delegada Martha Vargas. ;Foi meu chefe, que é pastor, que pediu para eu abrigá-lo em minha casa. Ele (o chefe) o encontrou na rua e deu emprego para ele;, afirmou.
Desempregado desde quando foi preso, Alex explicou que não sabe como a chave do apartamento do casal José Guilherme Villela e Maria Carvalho Mendes Villela foi deixada na casa dele. ;Eu já estava liberado, assinava o termo da declaração, quando ela (Martha Vargas) entrou na sala onde eu estava, na 1 ; Delegacia de Polícia (Asa Sul) gritando que tinha encontrado a chave;, disse.
Alex afirmou que foi pressionado por policiais para acusar Cláudio de ser o dono da chave. ;A confissão foi sob pressão;, garantiu. Em relação a Rami, ele tem desconfianças: ;Não coloco a minha mão no fogo por ele.; Quanto à chave encontrada no molho com outras no chão do quarto em que vivia, Alex afirmou que a intenção de Rami era mesmo furtar a loja do patrão. Mas não se lembra de ter visto a tal chave que seria do apartamento dos Villela.
Assim como Alex, Cláudio José de Azevedo Brandão também tem medo de sair de casa. ;O Rami mandou um recado (no Departamento de Polícia Especializado) para eu tomar cuidado. Como posso ficar tranquilo com os verdadeiros assassinos livres? Quem plantou essa chave aqui esperava que eu fosse ser condenado. São 30 anos de pena para cada vítima morta;, explicou. E acrescentou: ;Um assassino que mata uma pessoa com 38 golpes de faca pode muito bem entrar na minha casa e me partir ao meio;. Cláudio disse ainda que, por isso, não consegue mais dormir.
Por seus antecedentes criminais ; que inclui passagens na polícia por roubo e assassinato ;, ele ficou isolado dos outros dois no DPE. O acusado contesta a versão de uma testemunha que afirmou à polícia que o viu fazendo um serviço de reforma no apartamento das vítimas. ;Nem na Papuda, que eu era obrigado a trabalhar em obras, fazia serviço de pedreiro. Preferia ficar no castigo;, garantiu. Quando à tese policial sobre a suposta trama para matá-lo que resultou na morte equivocada do cunhado dele, Wanderson Ramos Gregório, 23, em 20 de setembro, Cláudio negou que um crime tenha relação com o outro. ;Eles (os quatro assassinos presos em Correntina (BA)) queriam pegar um garoto conhecido da gente que veio pedir socorro. Eu me recuperava da gripe suína (H1N1) por isso não saí. Então, meu cunhado foi até o portão e acabou morto;, explicou. Estou aqui porque não devo nada. A delegada (Mabel Faria, da Corvida) tirou meu sangue para fazer exame de DNA. Ele não vai dar em nada porque não tenho culpa;, garantiu.