As crianças da Escola Classe 2, no Paranoá, receberam o planetário na primeira quinzena de novembro. Inquietas, as que esperavam na fila ficavam de mãos apertadas, olhos arregalados e ouvidos atentos aos barulhos da ;nave;. Para participar do passeio, os professores pedem silêncio, pois o foguete vai decolar. Ao entrarem, meninos e meninas veem imagens e luzes que imitam elementos do espaço. Aprendem sobre suas composições e características. Tudo é relacionado a diversas áreas de estudo: astronomia, biologia, mitologia e várias outras. Depois de muitos gritos e aplausos, os estudantes saem com um sorriso no rosto, perguntando, eufóricas, se podem viajar novamente. Lucas Alves Passos, 7 anos, adorou a experiência. ;É muito legal, dá pra ver várias constelações. Achei que era uma nave de verdade. Até fiquei tonto;, conta o aluno da 1; série do ensino fundamental.
Recompensa
A ideia do projeto surgiu depois de os professores conhecerem o planetário itinerante do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 2008. Empolgados, tentaram conseguir verba com o Governo do Distrito Federal, mas, segundo eles, o processo era muito burocrático. Por isso, resolveram tirar o dinheiro do próprio bolso. Os equipamentos foram comprados na Argentina, depois de uma pesquisa de preços na internet.
Os idealizadores afirmam já terem investido cerca de US$ 20 mil, mas não se arrependem. ;Para mim, valeu a pena. O momento mais recompensador foi quando uma criança me perguntou: ;Tio, o foguete ainda tá voando?;. Isso paga qualquer trabalho;, afirma Luís, professor de biologia. ;O que nos motivou foi o interesse dos alunos pelo assunto. Agora, depois de cair na estrada, já recebemos até o astronauta brasileiro Marcos Pontes. Foi um grande orgulho;, explica Josué, professor de química e física. A dupla pretende comprar ainda um projetor da Aurora Boreal e outro para a simulação de um eclipse.
O número
R$ 20 mil
Quantia gasta pelos dois professores na compra dos equipamentos para o planetário
R$ 20 mil
Quantia gasta pelos dois professores na compra dos equipamentos para o planetário
Em defesa da ciência em Brasília
Antes de colocar a invenção em prática no Distrito Federal, os professores Luís Cavalcante e Josué Rodrigues visitaram vários planetários do Brasil. Entre eles, o de São Paulo, um dos mais reconhecidos do mundo. Agora, com o Tatanka funcionando, Luís e Josué trabalham também para a reabertura do Planetário de Brasília, que não funciona desde 1997. Eles dizem que já conversaram com autoridades responsáveis e esperam que até ano que vem o local seja reaberto. ;Queremos que a cidade dê o merecido valor a esse instrumento de educação. Se conseguirmos contribuir para a reabertura do prédio, estaremos satisfeitos por completo;, conta Luís.
A estimativa é que o Planetário de Brasília seja reaberto até o aniversário de 50 anos da capital. O secretário de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, Izalci Lucas, garantiu que as obras estão em andamento e devem terminar até a data prometida. ;A revitalização do edifício custou R$ 7,5 milhões e a atualização dos equipamentos ficou em R$ 700 mil. Estamos renovando toda a estrutura, informatizando os sistemas, implementando a acessibilidade e, com isso, esperamos que nosso planetário seja o mais sofisticado do país;, explicou. O secretário estima que, com a reinauguração do prédio,100 mil alunos serão beneficiados.