A artista plástica Júlia dos Santos Baptista, 42, mora em Amsterdã, capital da Holanda, há 12 anos. Durante todo esse tempo, o pensamento e o trabalho dela sempre estiveram voltados para a terra natal: o Brasil. Com cores fortes e traços simples, Júlia retrata contentemente os monumentos de Brasília. Ao todo, a artista pintou 15 obras sobre a capital federal. Algumas pinturas rodaram o mundo em forma de cartões-postais e selos criados pela empresa de correspondência da Holanda, TNT. Em março do próximo ano, o trabalho de Júlia chegará ao Brasil. A comissão do cinquentenário de Brasília aprovou, na última quarta-feira, a reprodução de seis obras da artista em forma de selos comemorativos dos Correios. Será um presente para a cidade e os moradores.
Júlia mal recebeu a notícia e já pensa no próximo passo. Ela pretende trazer ao Brasil os 15 painéis ; cada um com 1,4m por 1,8m ; para expor no dia do lançamento dos selos. E ainda levar a exposição a pelo menos quatro regiões administrativas do Distrito Federal. ;Quero que, no lançamento, as pessoas olhem o selo, virem para o lado e se deparem com a figura real. É a ligação entre o selo e a arte original;, explicou. As duas exposições realizadas pela artista na Europa ; em Roterdã e Amsterdã ; renderam elogios sem fim. ;O mundo está com os olhos voltados para o Brasil. O país é como se fosse a dama da noite, com quem todo mundo quer dançar. O Brasil está na moda lá fora;, destacou.
Mas Brasília não tem o mesmo reconhecimento do país, aponta Júlia, contando que muitas pessoas não relacionam o nome da cidade ao Brasil. Pensando nisso, ela resolveu promover o trabalho da cidade onde nasceu e viveu grande parte da vida para o mundo todo. Em formato de selos e cartões-postais, as figuras criadas por Júlia rodaram o mundo. A artista conta, orgulhosa, que seu trabalho chegou até mesmo à China. ;As pessoas olham as obras, procuram sobre Brasília na internet e veem a proximidade do desenho com a realidade. A partir daí, conhecem um pouco mais da cidade;, acredita. ;Brasília tem relevância, é inovadora e nasceu do nada pelas mãos de pessoas guerreiras e corajosas;, exalta, apaixonada.
Para Júlia, no entanto, não basta ser fiel às obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer. Ela vai além. Em misturas inusitadas, a artista plástica acrescenta à reprodução da escultura Os candangos, localizada na Praça dos Três Poderes, com um chapéu de cangaceiro, por exemplo. ;Eu tiro tudo de cabeça e ainda invento um pouco. Por isso, os quadros têm um significado a mais;, diz. Com muitas cores, ela espera chamar a atenção dos jovens para a realidade de Brasília e a preservação do acervo histórico da capital.
Nascida no Núcleo Bandeirante, Júlia saiu de Brasília em busca do sonho de se tornar pintora, passou por alguns países e firmou pouso na Holanda. Encantou-se: ;A Europa é um museu a céu aberto. Todo artista que tem a oportunidade quer conhecer os museus e os grandes artistas europeus;. Lá, ela estudou na Academia de Artes Plásticas Gerrit Rietveld e na Wackers Academia de Belas Artes, em Amsterdã. ;Sempre gostei do mundo das artes, mas é um mundo elitista;, pondera. ;Vim de família simples e, por isso, para ter o apoio necessário, tive que sair do Brasil. Para ser reconhecido no Brasil, é preciso antes ser reconhecido internacionalmente;.
As obras refletem a personalidade e a vida da artista plástica. Os painéis, pintados com óleo sobre linho, mostram cenas alegres e coloridas. E Júlia é assim, falante e sempre com um sorriso no rosto. ;O óleo é vibrante. As cores fortes ainda ressaltam as diferentes etnias do Brasil;, explicou. Na Europa, a candanga aprendeu técnicas e formas de aperfeiçoar o trabalho, até então realizado de forma rudimentar. Por isso, considera seus trabalhos uma mistura da cultura brasileira e da pintura europeia. ;Essa mistura representa bem o que eu sou: moro em Amsterdã, mas vivo nesta ponte cultural com o Brasil. Estou sempre aqui, amo a cidade;, ressalta. 
Personagens de quadrinhos
A Turma da Mônica também poderá participar da festa de 50 anos de Brasília, em abril do próximo ano. O projeto de trazer os personagens de Mauricio de Souza foi apresentado pela Mais Brasília Comunicação à comissão do cinquentenário de Brasília, também na quarta-feira. A ideia está nas mãos de uma subcomissão de eventos que deverá avaliar a proposta nos próximos dias para, só então, dar a palavra final. A parceria da empresa de comunicação com os Estúdios Mauricio de Souza pretende trazer à capital um show da Turma da Mônica e ainda montar um espaço temático de cada um dos personagens na Esplanada dos Ministérios, com distribuição de 1 milhão de exemplares do gibi especial para o cinquentenário da cidade.
A revista de histórias em quadrinhos mostrará a Turma da Mônica em vários pontos turísticos da capital federal. O galpão, montado no gramado da Esplanada dos Ministérios, deve ficar à disposição da população de 20 de fevereiro a 20 de maio de 2010. Ali dentro, as crianças poderão participar de brincadeiras e ainda pintar, desenhar e ler os gibis da turma até cansar. Famílias ainda terão a oportunidade de assistir a um show da Mônica e amigos às 16h do dia 21 de abril, quando a cidade estará envolvida em dezenas de comemorações. Apresentada há cerca de dois meses aos Estúdios Mauricio de Souza, em São Paulo, a ideia foi recebida com otimismo pelo idealizador e criador da turminha.
O proprietário da Mais Brasília Comunicação e representante dos Estúdios Mauricio de Souza em Brasília, Emmanuel Gomes, acredita que o projeto será aprovado pela subcomissão do cinquentenário. Segundo ele, será uma forma de diversão e aprendizado para as crianças. ;Em toda a sua vida, Mauricio de Souza priorizou a educação. Então, esse projeto voltado ao incentivo à leitura e à educação é a cara dele. Vamos dar atenção à criança e à família em um evento de grande importância;, disse Emmanuel. ;Os quadrinhos do Mauricio são uma mistura agradável da brincadeira com a cultura. É a linguagem do jovem, tanto na parte do desenho quanto na das histórias;, concluiu.