O documento será encaminhado à Secretaria de Obras e à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O governo afirma já ter investido mais de R$ 50 milhões na manutenção e recuperação de estruturas desde 2007 e garante que os dados coletados pelos especialistas servirão de base para o planejamento dos investimentos do ano que vem.
O trabalho do Sinaenco já foi realizado em outras cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Florianópolis. O presidente do sindicato no Distrito Federal, Rodrigo Gazen, explica que o objetivo é mostrar à sociedade a importância das manutenções periódicas na infraestrutura pública. ;Pelo menos a cada dois anos, é preciso fazer esse trabalho preventivo. O problema é que os investimentos em manutenção não rendem votos, então os governos costumam deixar isso de lado;, afirma Gazen.
Das cavernas
Os principais problemas encontrados durante o levantamento foram infiltrações no concreto e armaduras expostas. Nesse caso, o desgaste é tão grande que as vigas de aço ficam aparentes e mais vulneráveis. Em algumas estruturas, o estrago provoca até goteiras. No viaduto do Eixão em frente à Galeria dos Estados, a penetração da água no concreto fez surgir estalactites ; formações calcárias típicas de cavernas.
De acordo com o Sinaenco, um dos locais com a estrutura mais comprometida é a Ponte do Bragueto. Ponto de ligação entre a área central e a região norte do DF, ela tem buracos no concreto. Uma trinca cruza de um lado ao outro e o início do afundamento da estrutura já começou a causar a quebra de placas de concreto instaladas nas vigas de apoio.
Recuperação prometida
O secretário de Obras do DF, Márcio Machado, diz que a recuperação de monumentos e de estruturas viárias é uma das prioridades do governo. ;Já recuperamos dezenas de viadutos e estamos investindo na reforma de locais como o Teatro Nacional, o Panteão, a Torre de TV e o Clube do Choro;, afirma Machado. ;Desde 2007, investimos mais de R$ 50 milhões e, para 2010, estão previstos mais R$ 25 milhões para a recuperação de prédios e viadutos. O levantamento do Sinaenco será importante para o governo.;
Apesar de não representar risco iminente, a má conservação das estruturas causa transtornos. Na Ponte Costa e Silva, há uma rachadura com mais de 3cm de espessura. Parte da barra de proteção está quebrada, assim como a calçada. O relojoeiro José Maria Alves da Cunha, 51, costuma cruzar a ponte de bicicleta para fazer serviços no Lago Sul. Ontem à tarde, ele teve que descer do veículo por causa das interrupções no caminho. ;Não sei por que não consertam isso. Faria muita diferença para quem passa por aqui;, diz.
Diagnóstico
O levantamento realizado pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura indicou os locais com problemas mais graves. Confira a situação desses pontos:
Palácio do Buriti: a marquise do prédio tem armaduras expostas e infiltrações.
Panteão: apresenta queda de placas de concreto e corrosão em toda a sua estrutura.
Pombal da Praça dos Três Poderes: apresenta corrosão do concreto.
Ponte Costa e Silva (foto): tem trincas e rachaduras na base. Há fissuras com mais de 3cm de espessura na estrutura de apoio ao lado da Prainha.
Ponte das Garças: os pilares de apoio estão desgastados, assim como as vigas de sustentação.
Ponte do Bragueto (foto): tem armaduras expostas, blocos de concreto quebrados e até um buraco causado pela colisão de um caminhão.
Ponte JK: apesar de inaugurada há apenas sete anos, a ponte já apresenta sinais de falta de manutenção, como pontos de infiltração.
Universidade de Brasília: os prédios da Reitoria e da biblioteca têm infiltrações, trincas, rachaduras e armaduras expostas.
Viaduto da 316 Sul: o teto foi danificado por caminhões com excesso de altura. Armaduras de aço foram rompidas e exigem imediato reparo.
Viaduto sobre a N2 Norte, ao lado do Conjunto Nacional: a infraestrutura apresenta diversos sinais de falta de manutenção, como armaduras expostas e infiltração.