Quem olha de longe para o Parque Ecológico do Guará não imagina a riqueza de orquídeas escondidas em meio ao mato alto que cresce no local. São mais de 72 espécies catalogadas. Na tentativa de aproveitar melhor esses recursos e atrair a comunidade para a área verde, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) vai criar um orquidário ao lado da administração do parque. A estufa vai reunir vários tipos de flores, com diferentes formatos, cores e tamanhos. A obra será feita em parceria com uma empresa privada, por meio do projeto Abrace um Parque(1). A proposta tem prazo de execução de dois anos.
Atualmente, as orquídeas estão espalhadas entre a mata. O parque não é cercado nem dispõe de trilhas para observação dessas belezas. Muitas dessas flores nascem em troncos de árvores muito altas e permanecem escondidas. Algumas delas, como a miniorquídea Abenária, são endêmicas dessa região. ;Vamos escolher muito bem os exemplares para compor o orquidário. Não queremos prejudicar as espécies mais raras e retirá-las do meio ambiente;, garantiu o administrador do parque, José Carlos de Oliveira.
Como o parque não oferece estrutura física satisfatória aos frequentadores, não é comum ver pessoas utilizando as instalações. ;Há muitos anos lutamos por melhorias. A iluminação aqui nunca funcionou. A quadra de esportes também não. A implantação do parque é um objetivo antigo. Com a instalação do orquidário, esperamos dar um passo à frente;, explicou o administrador. A diversidade de animais também é grande. O administrador mantém a expectativa de criar mirantes dentro do espaço para observação de aves.
Dentro dos 310 hectares da área, passa um trecho do Córrego do Guará. Já foram encontradas 51 espécies arbóreas na região e 59 tipos de arbustos e ervas, incluindo exemplares raros e quase extintos. Mas nem só a natureza habita o local. Há 77 chacareiros morando dentro do terreno. ;Isso é o que mais dificulta o desenvolvimento dos nossos projetos. As famílias não saem daqui e há uma grande disputa judicial para saber se elas podem ou não permanecer instaladas aqui dentro;, explica Oliveira.
Espécies raras
O Parque Ecológico do Guará abriga outras espécies raras, além das orquídeas. O Podocarpus brasiliensis, conhecido como pinheiro bravo ou pinheirinho do brejo, também pode ser encontrado ali. Especialistas da Universidade de Brasília (UnB) calculam que não passam de 20 os exemplares no Planalto Central.
Um dos responsáveis pela identificação das espécies foi o ambientalista e patrono do parque, Ezechias Heringer. Botânico e nascido em Minas Gerais, ele veio para Brasília em 1960, a convite do presidente Juscelino Kubitschek. Foi pioneiro no estudo do Cerrado e suas orquídeas. A região onde fica o parque foi uma das áreas que Ezechias Heringer mais estudou.
Heringer criou a Reserva Biológica das Águas Emendadas, a Estação Experimental de Agricultura Cabeça de Veado e o Parque Municipal do Gama. O botânico faleceu em 1987. Durante todo esse tempo, a esposa dele pintou vários quadros com imagens das orquídeas encontradas no DF. Além do orquidário, a administração do parque pretende construir um museu com essas imagens. ;É um acervo muito bonito que pretendemos preservar;, conclui Oliveira.
Por mais verde
O programa Abrace um Parque é uma iniciativa do Ibram, lançada em 2008. O objetivo é incentivar a implantação gradativa e planejada dos 68 parques do DF. A intenção é conseguir alcançar a meta por meio de parcerias entre governo, empresas públicas, instituições, organizações não governamentais e voluntários.
Parque Ecológico
Onde fica: QE 23, Área Especial, Guará II, ao lado do Sesi. O parque fica a 12km da Rodoviária do Plano Piloto.
Horário de funcionamento: 6h às 19h.
Tamanho: 310 hectares.
Data da criação: 16 de agosto de 1984, por meio do Decreto n; 8.129.
Atrações: orquídeas e outras espécies raras endêmicas do cerrado.
Administrador: José Carlos de Oliveira.