A Polícia Civil acredita possuir provas suficientes para indiciar os três suspeitos presos pelo crime da 113 Sul. A reportagem do Correio apurou que parte desses indícios já foi utilizada para convencer a Justiça a autorizar a prisão temporária de Cláudio José de Azevedo Brandão, 38 anos, detido desde a noite da sexta-feira passada. Outros teriam surgido nos últimos dias. O processo corre em segredo de Justiça. Além de Brandão, estão em poder da polícia os suspeitos Alex Peterson Soares, 23, e Rami Jalau Kaloult, 28.
A prisão de Cláudio Brandão é considerada muito importante pelos agentes. ;Se a Justiça concedeu as prisões, é porque há indícios;, afirmou um policial ligado às investigações. ;Faltam apenas alguns detalhes para fecharmos o caso;, reforçou. O mandado de prisão expedido pelo Tribunal do Júri, que relaciona o suspeito ao crime da 113 Sul, expira amanhã à noite. Por isso, a Polícia Civil deve esperar até esta quarta-feira para pedir a renovação da prisão temporária contra Cláudio Brandão.
No entendimento da cúpula da Civil, o suspeito ficará detido mesmo que esse mandado não seja renovado. Isso porque, também na sexta-feira, a 3; Vara Criminal de Taguatinga expediu outro mandado de prisão, este preventivo, pelo envolvimento de Cláudio em um roubo de uma moto em janeiro último. ;Esse mandado é por prazo indeterminado, por isso, temos tempo. Mesmo que a prisão temporária não fosse renovada, ainda assim ele permaneceria detido;, afirma outra fonte da Polícia Civil.
Os investigadores tentam agora reunir mais provas sobre o envolvimento do trio no triplo homicídio do advogado e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73, da mulher dele, a também advogada Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da principal empregada do casal, Francisca do Nascimento Silva, 58. O crime ocorreu em 28 de agosto, mas os corpos só foram encontrados três dias depois, no noite do dia 31. O cenário da tragédia: o apartamento dos Villela, o de número 601/602 do Bloco C da 113 Sul.
De acordo com Nivaldo Pereira da Silva, advogado de Cláudio Brandão, a delegada Martha Vargas, que comanda a 1; Delegacia (Asa Sul) e as investigações sobre o crime, disse ter provas suficientes para vincular os três suspeitos ao crime da 113 Sul. No entanto, ele voltou atrás e negou ter ouvido da delegada que Alex e Rami teriam confessado participação no triplo homicídio e implicado Cláudio na trama, como afirmara no último domingo. Nivaldo Silva garante que o cliente dele é inocente. ;As informações que ela (delegada Martha Vargas) possui não são suficientes para acusar o meu cliente. Ele se declara inocente;, reiterou o advogado.
Confissão desmentida
Segundo Pereira, Cláudio só estaria vinculado ao caso por ser vizinho dos outros presos. De acordo com o advogado, caso o acusado não tenha a prorrogação temporária concedida mas permaneça preso por uma preventiva pelo roubo de uma moto, ele será orientado a não falar mais sobre o triplo homicídio. ;A delegada disse que tem informações que correm em segredo de Justiça que podem vincular os três. Mas acredito que, se a prisão temporária não for renovada, consigo revogar a preventiva em 48 horas;, observou.
Os outros dois suspeitos estão presos há duas semanas porque foram flagrados com uma chave da porta de serviço do imóvel dos Villela. O advogado de Alex Peterson Soares, Edimar Vieira, já ingressou com um pedido de habeas corpus baseado na suposta falta de elementos que sustentem a detenção. ;Ele diz que é inocente, por isso não há o que confessar. Se observarmos a folha de ponto do trabalho de Alex, não sofreu alterações nem antes nem depois do triplo homicídio;, ponderou.
Alex, que trabalha como vendedor de esquadrias de alumínio, é viciado em crack, segundo o advogado. Para Vieira, esse é um ponto que poderia sustentar a inocência do rapaz no crime. De acordo com ele, o acusado não tem condições psicológicas de atuar em um crime tão elaborado como os homicídios da 113 Sul. ;Ele é visto pela família como um sujeito lento. Como um usuário de drogas poderia cometer um crime dessa magnitude? Vamos esperar as investigações se concluírem para estabelecer uma linha de defesa;, afirmou.
Vicente Pires
Os três suspeitos detidos pelo envolvimento no crime moram na Vila São José, em Vicente Pires. Alex e Rami viviam na mesma casa e trabalhavam juntos em uma serralheria. Cláudio atua, segundo o advogado dele, como motoboy. Por isso, alega, o suspeito teria luvas e máscaras. A polícia apreendeu esse material.