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Lojas no Noroeste são vendidas a R$ 1,6 milhão

A valorização dos espaços do futuro bairro Setor Noroeste surpreende o mercado. Em três dias, foi vendida metade do primeiro empreendimento comercial, que abriga também quitinetes, cujos preços superam R$ 500 mil


Projeção do empreendimento comercial do futuro bairro prevê lojas no térreo e apartamentos de um e dois quartos na parte superior" />O efeito Noroeste não para de provocar espanto no mercado imobiliário do Distrito Federal. Em três dias, 50% das lojas do primeiro empreendimento comercial do novo bairro foram vendidas. Das 30 unidades de um complexo que também inclui apartamentos de um e dois quartos, 10 ganharam dono em menos de seis horas após o início das vendas, na sexta-feira última. Os preços do metro quadrado dos pontos comerciais, cuja área varia entre 57m; e 92m;, vão de R$ 15,4 mil a R$ 18 mil. Ou seja, caso compre apenas uma unidade, o investidor pode pagar até R$ 1,6 milhão.

Esse mesmo empreendimento revela outro reflexo da onda Noroeste em Brasília: até ontem, estavam vendidos 107 dos 144 apartamentos disponíveis, com tamanhos entre 31m; e 67m;. O preço do metro quadrado é equivalente ao de imóveis de três e quatro quartos comercializados no bairro: R$ 8,3 mil. A quitinete top pode custar, portanto, quase R$ 556 mil. ;Em três dias, vendemos 50% das lojas e 74% dos apartamentos. Tínhamos convicção do projeto, sabíamos que o mercado aceitaria bem o produto, mas estamos surpresos com o resultado;, diz Bruno Bontempo, diretor da Markimob, uma das incorporadoras do Neo Empreendimento.

A alta procura pelos apartamentos e a disputa entre os empresários pelos primeiros pontos de comércio reforçam a febre criada em torno do Noroeste. Os preços, inaceitáveis no mercado até dois anos atrás, parecem não intimidar os compradores. Restaurantes e bares sofisticados, além de uma grande loja de utensílios domésticos, já garantiram espaço no novo bairro. A expectativa é que, em dezembro, não haja mais unidades disponíveis nesse empreendimento. ;Se continuarmos nesse ritmo, esgotaremos tudo antes do fim deste mês;, prevê Bontempo. A obra deve ser concluída em 2012.

O complexo inclui três blocos de dois andares localizados no futuro endereço CLNW 10 e 11, a 200m do Parque Burle Marx. O formato é de uma comercial do Plano Piloto, porém com projeto mais ousado e arrojado. Em cima, ficarão os apartamentos de um ou dois quartos e, no térreo, as lojas com mezanino e depósito. Os donos poderão usar o espaço em frente ao estabelecimento. Haverá elevadores, sistema de segurança com câmeras, vestuário para funcionários das lojas, bicicletário, subsolo com garagem para cerca de 250 carros, além de estacionamentos públicos ao redor.

O luxo prometido nesse e em outros empreendimentos lançados no Noroeste mexe com os investidores. Comerciantes estão vidrados com a possibilidade de estarem próximos a um público das classes A e B, que tem condições de comprar apartamentos cujo valor do metro quadrado chega a R$ 10 mil ou mais daqui para frente. ;O lojista que investir naquele região vai se surpreender com a demanda. Ele sabe que vai trabalhar com a elite, com pessoas que não se preocupam muito em gastar um pouco mais em produto de qualidade;, comenta Bontempo. Estima-se cerca de 40 mil moradores no novo bairro.



Espaço verde
O projeto de revitalização do parque está associado ao surgimento do Noroeste. Com uma área de 280 hectares, o espaço terá pistas de caminhada e cooper, ciclovias, estacionamentos, banheiros públicos e espelhos d;água. A estimativa é que o parque receba 10 mil pessoas por dia.



Último setor
O setor será o último habitacional a ser construído na área tombada de Brasília. O urbanista Lucio Costa previu a área no documento Brasília Revisitada, de 1987. Desde então, governo e empresários investiram no futuro bairro, lançado oficialmente em janeiro deste ano.



Novos valores
Pelo menos 100 projeções já foram autorizadas no Noroeste. Cerca de 10% delas são de prédios com unidades residenciais (um e dois quartos) e comerciais. O primeiro complexo dessa categoria mista iniciou as vendas na última sexta-feira. Veja o resultado até ontem:

; Apartamentos entre 31m; e 67m;
Preço do metro quadrado: R$ 8,3 mil
144 unidades ; 107 vendidas e 37 disponíveis

; Pontos de comércio entre 57m; e 92m;
Preço do metro quadrado: entre R$ 15,4 mil e R$ 18 mil

; Bares e restaurantes
10 unidades ; oito vendidas e duas disponíveis

; Lojas de serviços (bancos, lavanderias, livrarias etc.)
10 unidades ; cinco vendidas e cinco disponíveis

; Lojas de moda
10 unidades ; duas vendidas e oito disponíveis

Fonte: Markimob, empresa incoporadora do projeto


Bairro diferenciado
Economistas ouvidos pelo Correio demonstram preocupação com o que chamam de ;histeria provocada pelo Noroeste;. ;Está claro que existe uma bolha e a tendência é que ela estoure. Se a gente pensar em médio ou longo prazo, percebemos que a demanda para esses preços não vai se sustentar;, diz Evilásio Salvador, professor da Universidade de Brasília. ;O que está acontecendo não faz sentido. Para conseguir cobrir o custo inicial, os comerciantes terão de ter taxas de lucro absurdamente elevadas;, completa o também docente da universidade, Roberto Piscitelli.

Estimativas de empresários do ramo imobiliário sugerem que os preços no novo bairro devem dobrar nos próximos cinco anos. Quem já garantiu uma unidade no espaço comercial do setor habitacional comemora e contesta a avaliação dos economistas.

;São ;cabeças de planilha;. Sei da grandeza daquele empreendimento e do potencial do Noroeste. Compramos porque sabemos que o bairro será um lugar diferenciado e estamos preparados. Vamos bombar;, comenta o empresário Jorge Ferreira, dono de 10 conhecidos bares da cidade. Ele comprou quatro unidades no primeiro complexo comercial do Noroeste.

A Casa do Rio Grande do Sul, loja de presentes finos, também estará presente no Noroeste. ;Existe uma badalação, uma expectativa muito grande do que vai ser aquele espaço. Com certeza estaremos em uma área nobre, perto de um público diferenciado, com alto poder aquisitivo;, observa o diretor da empresa, Victor Parucker.