Existe a chance de a polícia indiciar nesta semana Alex Peterson Soares, 23 anos, Rami Jalau Kaloult, 28, e Cláudio José de Azevedo Brando, 38, pelo triplo homicídio da 113 Sul. Na noite de sábado, os dois primeiros teriam confessado à delegada-chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), Martha Vargas, a participação do trio nos assassinatos do casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69; e da principal empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, 58. Os crimes ocorreram em 28 de agosto. Os corpos foram encontrados no dia 31.
A informação foi obtida pelo Correio durante uma entrevista com o advogado Nivaldo Pereira da Silva, defensor de Cláudio José. Por telefone, ele afirmou que a delegada Martha Vargas o convidou a ir à unidade policial da Asa Sul às 23h de sábado para uma conversa. Segundo ela, Alex e Rami contaram, informalmente, que os três teriam algum tipo de envolvimento nos homicídios. A confissão, de acordo com ele, teria ocorrido por volta das 22h do mesmo dia. Cláudio, porém, nada admitiu.
[SAIBAMAIS]Nivaldo explicou ainda que não aceitou o convite porque a conversa com Martha não seria oficial. ;Eu disse a ela que só iria para a delegacia se a confissão deles fosse transcrita para o papel;, informou. Como o caso está dividido com outras duas delegacias ; a Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) e a Divisão de Repressão a Roubos (DRR) ;, o interrogatório teria de obrigatoriamente contar com a presença de representantes das duas unidades policiais, além de alguém da Corregedoria da Polícia Civil do DF, responsável pelo inquérito.
A delegada Martha Vargas evitou comentar detalhes das investigações. Alegou que a apuração agora corre sob segredo de Justiça, como determinou o Tribunal do Júri de Brasília ao trocar o comando das investigações do caso. No sábado, ela deixou a 1; DP por volta da 0h30. Retornou à delegacia da Asa Sul às 16h40 de ontem. Passou boa parte do tempo dentro da própria sala e deixou o local por volta de 21h30.
Máscaras e luvas
Para o representante da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) Raul Livino, os três suspeitos presos podem mesmo estar envolvidos no crime da 113 Sul. O advogado criminalista, porém, não descartou a possibilidade de se descobrir mais envolvidos no caso. Até agora, existem somente indícios da participação deles (do trio detido) no crime (da 113 Sul);, afirmou.
Em diligências ainda no sábado, investigadores da 1; DP encontraram três máscaras do tipo balaclava e dois pares de luvas em uma casa vizinha à de Cláudio José. O material pertence a ele. Mas o advogado dele, Nivaldo Pereira, explicou que se trata de equipamentos do trabalho de motoboy. Cláudio os usaria para se proteger do frio. ;Ele saía de madrugada de casa;, justificou. Suspeita-se de que a visita policial tenha sido acompanhada pelo próprio acusado. Um homem encoberto por um pano azul saiu da delegacia no banco traseiro do carro da delegada pouco antes da presença policial na residência.
O advogado Nivaldo disse ainda que vai esperar os cinco dias da prisão temporária do cliente para pedir o relaxamento da prisão por outro delito cometido por Cláudio José: o roubo de uma motocicleta em janeiro. O prazo termina nesta quarta-feira. Segundo ele, como não se trata crime hediondo, dificilmente o juiz da 3; Vara Criminal de Taguatinga, responsável pelo o mandado de prisão, vai recusar o recurso.
Chave
No último dia 3, investigadores da 1; DP prenderam Alex e Rami em Vicente Pires e no Núcleo Bandeirante. Na casa deles, em Vicente Pires, os policiais encontraram uma chave. Mais tarde, a delegada Martha Vargas a testou pessoalmente no apartamento dos Villela. A porta abriu.