Jornal Correio Braziliense

Cidades

Serviços superam a inflação no DF

Contratar um serviço no Distrito Federal está cada vez mais caro. A maioria dos custos subiram acima da inflação acumulada de janeiro a outubro de 2009 e superaram os reajustes verificados no restante do país. O conserto de eletrodomésticos subiu 9,83%, o serviço de transporte escolar encareceu 9,39%, os cabeleireiros estão cobrando 6,60% mais, e contratar um serviço laboratorial e hospitalar está 10,25% mais oneroso. O serviço de táxi registrou a maior alta: 20,51%. Enquanto isso, a inflação média acumulada neste ano está em 3,05%, inferior aos 3,21% registrados na média do país. Os números foram levantados pelo Correio com base nos dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento da quantidade de dinheiro em circulação na capital federal abre espaço para o realinhamento de preços, de acordo com economistas. A massa salarial ficou 4,5% acima da inflação nos últimos 12 meses, e os prestadores aproveitaram para recompor seus preços. ;Se a economia está aquecida e a renda está aumentando, esses preços de serviços tendem a responder mais rapidamente e mais intensamente. O dinamismo é muito grande;, afirma o economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB). ;Quanto maior a renda, maior a tendência dos prestadores de serviços reajustarem os preços, porque quem já satisfez as necessidades básicas tende a consumir mais serviços, e quanto maior a renda, mais sofisticados são esses serviços;, completa.

Os serviços de táxi e de transporte escolar subiram 20,51% e 9,39%, respectivamente. O mercado aquecido dá margem para os reajustes, como o que foi verificado no valor da mão de obra da construção civil. Neste ano, o piso salarial da categoria teve um acréscimo de 7%. Em média, os salários aumentaram 6,5% e os trabalhadores conquistaram o direito à cesta básica, uma antiga reivindicação. ;O mercado imobiliário brasiliense está muito bom, então, foi fácil negociar;, conta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil do DF, Edgar de Paula Viana.

Nos salões de beleza, os aumentos ultrapassaram a inflação. Os cabeleireiros estão cobrando 6,60% mais, duas vezes mais do que a inflação e acima do aumento registrado na média nacional (veja quadro). A presidente do Sindicato dos Salões e Institutos de Beleza, Barbeiros e Cabeleireiros Profissionais Autônomos do DF, Elaine Furtado, afirma que os reajustes se devem a elevações nos custos fixos, como aluguel e tributos.

Valores congelados

Na contramão, alguns setores têm dificuldade de elevar preços. Além da concorrência, os reajustes ficaram mais difíceis devido à pechincha, conta a costureira Helenita Pereira Lima, 48 anos, 16 deles trabalhando em um trailer em uma quadra da Asa Sul. ;Tem preços que não reajusto há cinco anos. Se aumenta R$ 1 as pessoas já reclamam. Aí, para manter os clientes, não aumento, mesmo com os preços dos artigos de armarinhos subindo;, conta. Em média, as costureiras do DF estão cobrando apenas 0,69%% mais do que no fim de 2008.

Apesar da diminuição da demanda, provocada pela queda dos preços dos produtos novos, os profissionais que consertam eletrodomésticos e eletroeletrônicos aumentaram os preços. ;As empresas de reparação que não tiveram que fechar as portas estão tendo que cobrar mais para conseguir se manter. Mas não dá para aumentar mais, senão não teremos mais clientes.

O problema é que nossos custos são muito altos;, justifica o presidente do Sindicato da Reparação e Manutenção de Equipamentos elétricos e eltrônicos, José de Ribamar Rodrigues Nogueira. Como os preços são elevados, muitos consumidores preferem optar por um aparelho novo.