Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mais duas escolas investigadas por venda de certificados

Instituições são suspeitas de participar do esquema de venda de certificados e históricos escolares do ensino médio. Diretora do Cosine irá visitar os locais pessoalmente

A Secretaria de Educação do Distrito Federal identificou mais duas instituições suspeitas de envolvimento em esquema de venda de históricos escolares e certificados de conclusão de ensino médio. Assim como o Instituto Latino-Americano de Línguas (Ilal), as escolas não têm autorização junto às autoridades locais e nacionais de educação para oferecer aulas de supletivo bem como emitir e vender documentos e declarações como atestado para matrícula no ensino superior. Elas serão investigadas pela Coordenação de Supervisão Institucional e Normas de Ensino (Cosine) a partir de hoje.

Os nomes das escolas surgiram após reportagem publicada na sexta-feira com exclusividade pelo Correio Braziliense. Funcionários da Cosine receberam no mesmo dia 50 ligações de brasilienses preocupados com a validade dos documentos obtidos em uma das cinco unidades do Ilal no DF ; há na Asa Norte, na Asa Sul, em Águas Claras e duas em Taguatinga. Alguns dos contatos ocorreram por conta de dúvidas sobre o credenciamento de outras instituições para emissão dos certificados. Assim, surgiram os novos nomes, mantidos em sigilo pela Cosine.

A coordenadora do setor, Leila Pavanelli, afirmou ao Correio que a partir de hoje as denúncias serão aprofundadas. ;Vamos visitar pessoalmente essas escolas para ver se apresentam o mesmo problema do Ilal. Se tiverem o mesmo perfil, serão consideradas clandestinas;, explicou. A Cosine apurou, por exemplo, que o Ilal cobra até R$ 3 mil pelos certificados. Vende os documentos acompanhados de históricos escolares atestados pela Empresa de Pesquisa, Ensino e Cultura (Epec), no Rio de Janeiro, descredenciada neste ano pelo governo do Rio de Janeiro.

No fim de semana, a reportagem recebeu denúncia de que duas escolas da capital carioca mantêm escritórios em Brasília. Elas emitiriam, sem autorização da Secretaria de Educação do DF, certificados de conclusão dos ensinos fundamental e médio, sem a necessidade de provas. O interessado precisaria pagar uma taxa, que varia de R$ 1,2 mil a R$ 1,8 mil. Em seguida, ganharia uma declaração e, em três meses, receberia pelos Correios o diploma e o histórico escolar. Dois conhecidos do responsável pela informação fizeram matrícula em uma faculdade do Plano Piloto com tais documentos.

Pente fino
[SAIBAMAIS]A ação de instituições descredenciadas no DF colocou em xeque o acesso de milhares de brasilienses ao ensino superior. No dia seguinte à publicação da primeira reportagem do Correio, as principais universidades da capital do país iniciaram levantamentos para descobrir quantos alunos apresentaram certificados do Ilal para garantir a aprovação no vestibular. A Universidade de Brasília (UnB) identificou 88 casos em 34 cursos de graduação (leia quadro). Os dados são preliminares de 2009. A investigação, inclusive de anos anteriores, continua nesta semana.

Seguiram pelo mesmo caminho da UnB o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) e a Universidade Católica de Brasília (UCB). O primeiro localizou 11 universitários com declarações do Ilal. A segunda não finalizou o pente fino, mas informou que não aceita matrículas com o aval da escola há três semestres. Já o Centro Universitário de Brasília (Uniceub) descobriu 39 estudantes em situação irregular 20 dias antes da reportagem. Nos quatro casos, os flagrados perderão a chance de continuar os estudos no ensino superior se não mostrarem diplomas para legitimar os certificados.

Internet
A Secretaria de Educação do DF publica a partir de hoje no site do órgão www.se.df.gov.br o nome das 26 escolas credenciadas para educação de jovens e adultos na capital do país na modalidade supletivo à distância. Isso porque parte das irregularidades descobertas pela Cosine e pelas universidades brasilienses envolve menores de 18 anos com certificados do Ilal. Os documentos revelam conclusão do ensino médio via Educação de Jovens e Adultos (EJA) ; a participação de adolescentes é proibida pela Resolução n; 1/2009 do Conselho de Educação do DF.

As suspeitas de irregularidades cometidas pelo Ilal ainda aparecem como alvo do Ministério Público do DF desde sexta-feira, quando a Promotoria de Defesa da Educação (Proeduc) abriu investigação a partir de denúncia da Secretaria de Educação do DF. Hoje, será a vez do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) encaminhar documentos e registros levantados contra o Ilal à Proeduc. Indícios apontam que a escola vende certificados sem valor perante as autoridades de educação. Não se descarta a possibilidade de as cinco unidades serem fechadas.

O Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep) marcará para esta semana audiência com a Cosine. Além das suspeitas de irregularidades praticadas pelo Ilal, o presidente da entidade, Rodrigo de Paula, quer conversar sobre problemas no ensino infantil na capital do país. ;Soubemos que seis escolas não têm credenciamento junto à Secretaria de Educação. É muito grave, pois os pais depositam nelas parte da educação dos filhos e não sabem da falta de credenciamento;, reclamou.
Colaborou Camila de Magalhães






OS NÚMEROS DA UNB

Câmpus Darcy Ribeiro (diurno)

Administração 5
Agronomia 4
Artes Cênicas 2
Ciência da Computação 1
Ciências Biológicas 4
Ciências Farmacêuticas 2
Ciências Sociais 3
Comunicação Social 2
Educação Física 3
Engenharia Civil 2
Engenharia da Computação 4
Engenharia Elétrica 2
Engenharia Florestal 9
Engenharia Mecânica 2
Estatística 1
Física 1
Geologia 2
Letras/Tradução - Inglês 1
Matemática 1
Medicina Veterinária 3
Museologia 1
Nutrição 10
Pedagogia 3
Serviço Social 2

Câmpus Darcy Ribeiro (noturno)

Ciências Ambientais 2
Engenharia de Produção 1
História 1
Letras/Japonês 1
Letras/Português 1

Câmpus UnB Ceilândia

Enfermagem 2
Fisioterapia 3
Farmácia 3
Terapia Ocupacional 1

Câmpus UnB Gama

Engenharia 3