"É preciso um policiamento a pé, que atinja locais que nem sempre são acessíveis pelos carros da PM. Câmeras e circuitos de vídeo não coíbem o crime%u2019"
Ricardo Montalvão, morador da 112 Sul" />Furto e arrombamento de veículos, carros encontrados pela manhã sem as rodas, assaltos, tráfico de drogas e sequestros relâmpagos. Moradores do Sudoeste e das asas Sul e Norte estão preocupados com os casos violentos na região. E a reclamação mais recorrente de síndicos e prefeitos de quadras é uma só: falta policiamento.
Na 112 Sul, em um estacionamento em frente ao Bloco E, que concentra os carros de pelo menos três prédios, ocorreu um sequestro relâmpago na última quarta-feira. Por volta de 20h, um morador chegava do trabalho quando foi abordado por três adolescentes. Os bandidos renderam-no e abandonaram-no em Santa Maria. Levaram o carro, o celular e a carteira da vítima.
Um vizinho, o presidente da Associação Brasiliense pela Qualidade de Vida (Abravida), Ricardo Montalvão, reclama que é necessária uma maior presença da polícia nas superquadras. ;É preciso um policiamento a pé, que atinja locais que nem sempre são acessíveis pelos carros da PM. Câmeras e circuitos de vídeo não coíbem o crime. Ajudam nas investigações. O sequestro de meu vizinho foi filmado. Isso não parou os sequestradores;, apontou.
Já o síndico do Bloco I da 105 Norte, Gilberto Carvalho, se queixa da incidência de furto de veículos. Segundo ele, durante o blecaute da manhã de quinta-feira, com o sistema de câmeras do prédio desligado, levaram o Monza de um morador. ;Ultimamente esse tipo de ocorrência é muito grande;, disse. No Sudoeste não é diferente. O síndico do Bloco B7 da Quadra 4, Ângelo Chiogna, reclama do roubo de rodas e calotas de veículos. ;Para mim é coisa encomendada, porque eles sempre roubam modelos parecidos. Muitas vezes os veículos ficam no chão. Quando chamamos a PM, eles atendem, mas, de madrugada, quando os bandidos agem, como vamos chamá-los?;, criticou.
Drogas
Na 308 Norte, o prefeito da associação dos moradores, Rafael Cardoso, aponta como maior problema o tráfico de drogas. ;Já ligamos para a PM e para a Polícia Civil. Eu já ouvi dos agentes o absurdo de me pedirem para fazer um levantamento dos viciados. O papel de investigar não é deles?;, questionou Cardoso. Rafael também reclama da falta de PMs nas quadras residenciais. ;Em ronda, vão no máximo até a banca, na entrada;, explicou.
O comandante do Comando de Policiamento da PM, coronel Luiz Henrique Fonseca, discorda das reclamações. Ele explica que o Sudoeste e as asas Sul e Norte têm um dos melhores policiamentos do DF. Segundo Fonseca, os carros da PM estão nas ruas, e a dupla Cosme e Damião já está de volta em quase todas as quadras com um contingente de 150 policiais. ;A polícia tem feito uma prevenção eficaz. A ação rápida de atendimento é possibilitada pelos postos policiais. Na asas Sul e Norte temos 25 veículos circulando. O Sudoeste também não apresenta discrepância no número de criminalidade. Há, de fato, um furto de veículos maior, mas já estamos com ações preventivas. Além disso é preciso alertar as pessoas para não deixarem objetos no interior de veículos;, concluiu. Os delegados da 1; DP (Asa Sul) e da 2; DP (Asa Norte) não deram entrevista.
Alerta sobre efetivo baixo
O presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Brasília, Saulo Santiago, confirma que, em reuniões mensais e semestrais, os moradores levam reclamações sobre esses tipos de ocorrências. Segundo ele, há muito tempo o conselho vem alertando sobre a falta de efetivo na Polícia Militar. Ele diz ainda que embargos como os do Tribunal de Contas do Distrito Federal e do Ministério Público do DF sobre a validade do concurso para PM com curso superior prejudicam que esse aumento de soldados ocorra.
Apesar de receber as reclamações de moradores do Plano Piloto, de acordo com os registros da Polícia Militar, Saulo diz que os furtos de veículos têm se mantido na média nos últimos três meses. ;Há um crescimento no número de moradores de rua e esses furtos crescem proporcionalmente ao aumento. São usuários de drogas que trocam material roubado pelas substâncias;, comentou.