Época de chuva significa também multiplicação de buracos. Além do risco de acidentes, as crateras deixam o trânsito mais lento e trazem prejuízo ao motorista, que vez ou outra precisa trocar um pneu estourado ou desempenar uma roda. É preciso tomar cuidado para não cair em um deles. Em alguns pontos do Distrito Federal, dirigir se tornou um verdadeiro teste de paciência e de habilidade ao volante. ;É desviar de um buraco e cair em outro;, disse Antônia Rodrigues, 42 anos. Ontem à tarde, a auxiliar de serviços gerais seguia para o trabalho quando não viu o buraco próximo a um posto de gasolina, na QNM 24 de Ceilândia Norte. Caiu na cratera e não teve jeito de seguir viagem. Encostou o veículo e auxiliava o amigo, o vendedor Roberto Barbosa de Lima, 35, na troca do pneu danificado.
Assim como Antônia, vários motoristas têm muitas dores de cabeça durante o período chuvoso, quando a correnteza carrega parte do asfalto e faz das ruas, avenidas e rodovias locais perigosos para se trafegar. Há dois dias, o militar Félix Nascimento, 30, também precisou trocar o pneu depois de cair em um buraco na QNO 11, próximo ao Caic de Ceilândia. Preocupados com o risco de acidentes, os moradores das redondezas tiveram de jogar entulho para tapar a cratera. ;Acho que o governo deveria tampar tudo antes da chuva;, reclamou. No Conjunto F da QNR 1, até os ônibus precisam passar lentamente em razão de um buraco que tomou as duas faixas da rua.
Ceilândia, Taguatinga e Guará estão entre as cidades mais problemáticas, de acordo com a Secretaria de Obras. Para evitar que acidentes graves aconteçam, o GDF pretende investir, até o fim do ano, R$ 100 milhões em obras da Operação Tapa-Buracos. No ano passado, o valor foi cinco vezes menor, com a aplicação de R$ 20 milhões. Em Taguatinga, a operação só deve começar em novembro, com a redução das chuvas, de acordo com o administrador da cidade, Gilvando Galdino. ;Colocar massa asfáltica no buraco em época de chuva é o mesmo que jogar dinheiro público fora. Temos que esperar as tempestades diminuírem;, alegou. O asfalto da cidade tem 40 anos. Por essa razão, apenas uma ;maquiagem; não ajuda a resolver os problemas. ;Essa é uma solução emergencial. O asfalto precisa ser totalmente trocado. Essas crateras já se tornaram uma rotina na vida da comunidade. O próprio governador (José Roberto Arruda) entende a necessidade de recapear a cidade inteira;, afirma o administrador.[SAIBAMAIS]
Em toda Taguatinga, os motoristas precisam desviar das crateras abertas no chão pelas fortes chuvas deste ano. As avenidas principais foram as mais prejudicadas com os estragos. No centro, na C-8, bem no meio da via, um buraco atrapalha o trânsito. Quem passa pelo local reclama. ;Já tenho dois pneus com defeito por conta de quedas em buracos. A gente tenta desviar, mas com as tempestades que têm caído, fica impossível visualizá-los;, queixa-se o morador da QNL Wellington Feitosa, 41, profissional autônomo. Ele denuncia a má condição do asfalto perto de onde mora. ;Na QNL a situação não é diferente, as vias estão todas acabadas;, diz. Nas avenidas Samdu Norte e Sul e Comercial, os pontos mais movimentados de Taguatinga, o problema se repete. Na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), no trecho que corta o Setor de Postos e Motéis da Candangolândia, o asfalto se abriu. Lá, o trânsito de veículos é intenso. Passam mais de 160 mil carros, caminhões e ônibus por dia.
Há quatro meses, começou o recapeamento das quadras principais da QNL, QNJ e QNA. As avenidas Samdu Sul e Norte e comerciais Sul e Norte devem demorar um pouco mais para receber os reparos. ;A reforma dessa área está prevista para 2010, no Brasília Integrada. As ruas principais, ou seja, as mais movimentadas, vão receber um asfalto duplo, diferente e mais reforçado, para suportar o peso dos ônibus, que terão corredores exclusivos;, explicou Galdino. ;Até lá, peço desculpa aos moradores pelos transtornos;, concluiu.
Fique de olho
Algumas dicas para tentar evitar transtornos na temporada de chuvas
# Na época de precipitações, o motorista deve ter atenção redobrada. Não raramente, os buracos ficam cheios de lama, o que atrapalha na hora de identificar uma cratera
# Não trafegue em alta velocidade. A água da chuva pode ainda ocasionar o fenômeno de aquaplanagem, quando o pneu perde aderência com a pista, que acaba se tornando escorregadia
# Se cair em um buraco, procure um lugar seguro, onde não haja tanta movimentação de carros. Somente depois disso efetue a troca do pneu