Não são apenas os preços dos alimentos que encareceram as refeições no Distrito Federal. O preço do gás de cozinha no Distrito Federal é o terceiro mais caro do país e pesa no item alimentação. Neste ano, os reajustes foram superiores à inflação e o consumidor está sem opção de pesquisa. A dona de casa brasiliense paga, em média, R$ 43 pelo botijão de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). O preço médio é mantido há, pelo menos, três semanas, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas o consumidor é prejudicado com a oscilação de um ponto de venda para outro. Da amostra da ANP, foram pesquisados 95 postos na semana passada e os preços mínimo e máximo no varejo são R$ 41 e R$ 45, respectivamente. É a menor variação do país. Na semana anterior, o consumidor podia comprar o gás de cozinha por até R$ 35.
De janeiro a setembro, os reajustes no preço do botijão de gás somaram 9,45% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação é três vezes superior à inflação do período: 3,05%.
Os revendedores culpam as distribuidoras pelos aumentos. ;Sofremos pressão das distribuidoras para manter os preços elevados, senão elas não têm margem para elevar os valores que cobram da gente;, argumenta o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás do DF (Sindivargas), José Carlos Lelis dos Santos. Apesar da justificativa, a pesquisa da ANP mostra que o preço médio pago pelos revendedores às distribuidoras é inferior ao de 13 estados. Com uma grande diferença entre o valor pago e o vendido ; R$ 29,89, em média ;, os revendedores do DF são os que têm o maior lucro se comparados aos das outras unidades da Federação ; em média, R$ 13 por botijão.
O preço alto não inibe a demanda e a venda de gás no DF é crescente. De acordo com a ANP, de janeiro a agosto, foram comercializados 103,7 mil m;, 7,5% mais do que no mesmo período de 2008. Por outro lado, na média nacional, a quantidade vendida no mesmo intervalo ; 7,9 milhões de m; ; é 1,7% inferior à de 2008. O volume cresce mesmo com a estagnação do número de domicílios que têm fogão a gás no DF. Em 2008, 737 mil casas tinham um fogão, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. Era a mesma quantidade registrada em 2007. Não houve aumento de um ano para outro, ao contrário do que ocorreu nos outros estados. O número de lares com fogão no país aumentou de 54,7 milhões para 56,5 milhões.
A vendedora autônoma Alcy Maria Borges do Nascimento, de 48 anos, até tem um fogão em sua casa, assim como 98,8% de todas as residências da capital federal. Mas, devido ao alto preço do gás, ela quase não usa o utensílio doméstico, exceto para fazer café. Há seis anos sem um emprego fixo, Alcy recorreu ao fogão a lenha para economizar. ;Almoço, jantar e meus doces, eu só faço no fogão a lenha. Não dá para gastar, porque não tenho como ficar comprando gás, que é muito caro;, conta a moradora da Estrutural.
Sem espaço em casa para construir um fogão a lenha, Maria Sandra Tiburtina, 37 anos, dá sermpre um jeito de economizar. ;Cozinho feijão só uma vez por semana e não faço comida dura, senão gasto gás demais e não tem jeito. Eu tenho que economizar, porque é muito caro;, conta a moradora da Estrutural.
Algumas técnicas ajudam a economizar (veja quadro). O gerente de informações do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Thadeu de Oliveira, recomenda a adoção dessas alternativas. ;O GLP é um combustível que não tem muita perspectiva de ficar mais em conta. O máximo que ocorre é o preço ficar estabilizado, mas ele não vai baratear. Este é um recurso caro. Então, tem que economizar mesmo.;
Fraudes e impunidade
Além das distribuidoras, os comerciantes culpam também o comércio clandestino pelo elevado preço do botijão de gás no DF. De acordo com a ANP, são 3.500 ilegais para 1.885 revendedores regularizados (ver lista no link abaixo). Além do prejuízo econômico, os ilegais são uma ameaça à segurança da população.
De acordo com a ANP, coibir o comércio ilegal é uma responsabilidade da Agência de Fiscalização do GDF(Agefis). O órgão, no entanto, ainda não tem como realizar suas atribuições. Desde o início do ano, a Agefis conseguiu, por meio de portaria, que os botijões apreendidos sejam deixados em pátios de distribuidoras que têm estrutura de segurança adequada. Mas ainda está adaptando os veículos para fazer o transportes desses botijões. A previsão é que daqui a 20 dias o GDF tenha condições de exercer uma fiscalização mais rigorosa e apreender os produtos sem a devida procedência, segundo o gerente de Normas e Procedimentos da Agefis, Geraldo Branquinho. ;O processo é demorado por se tratar de carga perigosa;, justifica.
Como economizar
# Na hora de comprar um fogão, verifique se tem o selo que avalia a eficiência e a segurança do produto.
# Cheque a boca do fogão, quando a chama está muito amarelada é sinal de que há sujeira nos bicos, que precisam estar sempre limpos.
# Aproveite ao máximo o calor do fogão e do forno, mantenha sempre a panela tampada para reter o calor. Prepare mais de um alimento de uma vez no forno.
# Desligue sempre o forno um pouco antes de retirar o alimento para aproveitar ao máximo o calor retido.
# Quando for ferver a água, baixe a chama. Quando a água entrar em ebulição, não precisa manter a chama no máximo.
# Sempre que possível, use a panela de pressão.
# Deixe grãos mais duros de molho na água para amolecê-los antes do cozimento.
Fonte: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)