A delegada-chefe da 1; DP, Martha Vargas, deu início ontem ao depoimento desse terceiro homem preso desde o começo das investigações. A polícia chegou ao nome dele ao longo da semana, ao aprofundar a apuração do triplo homicídio. A responsável pelo caso, no entanto, não quis dar detalhes das informações levantadas à tarde. ;Trata-se de um foragido da Justiça. É só o que posso dizer. Pessoas estão sendo presas em decorrência da investigação do crime da 113 Sul e estamos descobrindo se elas têm ou não participação direta no crime;, afirmou a delegada.
A prisão teria ocorrido a partir de uma linha de investigação diferente daquela que se segue desde as prisões de dois primos, identificados como A. e D.. A dupla, presa há mais de uma semana e transferida sexta-feira da 1; DP para o cárcere do Departamento de Polícia Especializada (DPE), responde por acusações de envolvimento em clonagem de veículos. Mas uma testemunha viu os dois, acompanhados de uma terceira pessoa, a conversar em um ponto de ônibus da 513 Sul na noite de 28 de agosto, data dos assassinatos. Há indícios de que D. teria dirigido o carro que pode ter levado A. para matar as três vítimas no apartamento 601/602, do Bloco C, da 113 Sul. O casal Villela e a empregada levaram 73 facadas. D. ainda faria parte do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo.
O mandado de prisão ainda não cumprido seria desse terceiro homem flagrado na W3 Sul. Pode ser o mesmo responsável pela limpeza do cenário do crime. A polícia acredita que alguém esteve no imóvel dos Villela entre os três dias que separaram os homicídios da localização dos três corpos, em 31 de agosto. Teria ido ao local para apagar o rastro dos assassinos. Havia, por exemplo, pouca quantidade de sangue no apartamento. E os peritos da Polícia Civil descobriram apenas fragmentos de impressões digitais diferentes das dos donos da casa.
Segundo peritos ouvidos pelo Correio, só uma pessoa com conhecimentos técnicos teria condições de eliminar tais vestígios. Mesmo assim, precisaria de materiais especiais de limpeza. A alteração no imóvel atrapalhou o trabalho do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal. Tanto que os exames feitos no local estão atrasados. Mais de 40 dias passados desde o crime, não houve a divulgação de resultado dos laudos.
A delegada Martha Vargas reservou a tarde de ontem para ouvir os esclarecimentos do terceiro detido no caso. Chegou à delegacia por volta das 15h e permaneceu pelo menos até o início da noite. Nenhuma nova testemunha apareceu para prestar depoimentos. Também não houve mais prisões. Na última quinta-feira, a delegada esteve na região de Alto Paraíso (GO) para fazer diligências. Distribuiu intimações pela localidade onde Adriana Villela, filha do casal assassinado, mantém uma casa. Um veterinário, que aluga a residência, prestou depoimento na sexta-feira.
- Agosto
Dia 28 - Os advogados José Guilherme Vilella e Maria Carvalho Mendes Villela e a principal empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, são assassinados a facadas em apartamento da 113 Sul. Estima-se que tenham sido atacados entre 19h30 e 20h30.
Dia 31 - A neta dos Vilella contrata um chaveiro para abrir a porta do imóvel dos avós. Está acompanhada de três amigos policiais, que encontram os corpos e chamam a polícia.
- Setembro
Dia 29 - Um homem suspeito de ser matador de aluguel, identificado apenas como D., é preso por agentes da 1; Delegacia de Polícia. Os investigadores chegaram ao nome do rapaz após a quebra de sigilo telefônico de todas as pessoas que receberam ou originaram chamadas do aparelho celular feitas na quadra onde o crime ocorreu.
- Outubro
Dia 6 - O Correio publica com exclusividade que há um segundo suspeito de participação no assassinato detido. O homem identificado apenas como A. seria primo de D. Os dois podem ter ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A. teria sido o autor das facadas e D., o motorista do carro na fuga.
Dia 9 - Um terceiro envolvido no crime é preso. Informações levantadas pelos investigadores do caso revelaram que D. conversou por telefone no dia dos assassinatos com esse homem, que no passado se relacionou com uma pessoa da família Villela e por isso tinha uma relação conturbada com duas das vítimas.
Dia 10 - Passaram-se mais de 40 dias e o crime continua sem solução. A polícia colheu mais de 80 depoimentos e realizou 13 perícias no local do crime, mas ainda não recebeu parte dos laudos. Agora procura o quarto suspeito de envolvimento no caso.