Jornal Correio Braziliense

Cidades

Professores da UnB discutem o futuro da capital federal

Docentes debatem o crescimento da capital, a escassez de empregos fora do Plano Piloto e a falta de estrutura no Entorno

A proximidade do aniversário de 50 anos de Brasília motivou a reunião de 16 professores e pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) para discutir temas relacionados ao planejamento urbano da cidade. A influência da situação do Entorno Sul sobre o Distrito Federal e as invasões de terras públicas figuram entre as principais preocupações dos acadêmicos. O seminário, realizado ontem no auditório da Reitoria, recebeu o nome de Brasília 50 anos: da capital à metrópole. Os artigos apresentados serão parte de um livro homônimo ao evento, que o professor de geografia da universidade Aldo Paviani pretende lançar às vésperas do cinquentenário, em abril de 2010. As palestras são parte das ações da Comissão UnB 50 anos de Brasília(1). O surgimento de invasões e condomínios foi identificado pelo pesquisador e professor do Departamento de Geografia da UnB Rafael Sanzio como um dos principais motivos para as mudanças na paisagem urbana do DF. Mas esse crescimento, que foi acelerado em décadas passadas, começa agora a entrar nos eixos, de acordo com o trabalho de Sanzio, sobre o qual o Correio publicou reportagem em abril último. Entre 1990 e 2000, a área urbana da cidade mais do que dobrou, passando de 30,9 mil hectares para 64,6 mil hectares. Nos últimos nove anos, o ritmo de ocupação do território foi mais lento: cresceu 38%, saltando para 89,2 mil hectares ocupados. A previsão é de que a zona urbana do DF chegue a 91,3 mil hectares em 2015, um aumento de apenas 2,4%. Os pesquisadores chamaram a atenção do governo %u2014 eles pretendem entregar ao GDF o resultado final do trabalho - para a necessidade de traçar um plano de ocupação ordenada do solo condizente com as necessidades da população menos favorecida. "Temos o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (Pdot), mas a comunidade pouco foi ouvida na elaboração do documento. Resta saber se as 31 novas áreas criadas a partir do (Pdot) serão destinadas a quem precisa ou somente mais um espaço para as grandes construtoras lucrarem", questionou a pesquisadora Suely Franco Netto. Transporte público A "metropolização" de Brasília foi tema recorrente durante a conversa. "Temos de encarar Brasília como uma metrópole, uma cidade-mãe. E não apenas como o local para onde a capital foi transferida", resumiu Aldo Paviani. Em seguida, ele expôs um painel sobre a "exclusão socioespacial". De acordo com Paviani, um dos maiores erros do governo ocorreu no momento da implantação do sistema de transporte público. "Deviam ter quebrado o monopólio das empresas prestadoras desse serviço logo no começo. O transporte precário atrasa a vida da cidade", afirmou. Ainda sobre meios de transporte, o professor Luiz Alberto de Campos sugeriu o uso de barcas no Lago Paranoá para transportar as pessoas que vivem nas cidades próximas dos lagos Sul e Norte. Paviani ressaltou a importância de criar empregos fora do Plano Piloto, para desafogar o trânsito e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores que não moram nas áreas mais nobres. "Pensar só no Plano Piloto não adianta. Brasília já incorporou municípios de Goiás pelos quais nenhum governo assume responsabilidade", defendeu. Segundo o professor, desde a criação de Brasília, os mais pobres foram expulsos da capital devido ao alto preço dos imóveis e "como se fossem ervas daninhas". 1 - História O grupo surgiu com o objetivo de incentivar pesquisas e publicações sobre a história de Brasília. O conteúdo de todos os eventos será publicado em livros temáticos que vão compor uma coleção. Os exemplares devem ter a marca da comissão. O logotipo, no entanto, ainda não foi escolhido. Quem quiser enviar um modelo de marca deve acessar o site www.unb.br para informações.